PARA SARTO, governo Bolsonaro tem tido olhar pouco generoso sobre o Nordeste (Foto: Alex Gomes - Especial para O POVO/Alex Gomes - Especial para O POVO) |
Encontro
agendado para esta sexta-feira também deverá marcar a consolidação de consórcio
entre estados
A
defesa de pautas consideradas caras ao Nordeste ganhará mais corpo hoje, com
encontro de presidentes de assembleias legislativas dos nove estados da Região,
em São Luís, na Assembleia Legislativa do Maranhão (AL-MA). O evento intitulado
ParlaNordeste vai para a 3ª edição neste ano.
Na
ocasião, ganhará contornos mais definidos a articulação de frente parlamentar
que contraponha interesses do Planalto considerados prejudiciais à região, a
exemplo da fusão do Banco do Nordeste (BNB) ao Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES).
A
comitiva local estará representada pelo presidente do Assembleia Legislativa do
Ceará, José Sarto (PDT), e pelos deputados Danniel Oliveira (MDB), Acrísio Sena
(PT) e Walter Cavalcante (MDB).
Segundo
Sarto, o Nordeste tem tido olhar "pouco generoso" do governo de Jair
Bolsonaro (PSL), razão da relevância do encontro. "Vencedor não pode
governar o País com o fígado, tem de governar com o coração", destacou
durante entrevista coletiva.
O
pedetista, contudo, diz querer dar tempo ao Planalto para que "mostre a
que veio". Ele apregoou que a bandeira do BNB é inegociável. "Nós
(nordestinos) já somos penalizados com a distribuição de rendas dos tributos da
Nação". Ele mencionou ainda o Departamento Nacional de Obras contra a Seca
(Dnocs).
O
2º vice-presidente da Casa, Danniel Oliveira, diz que sugerirá que a frente se
organize com dois ou três deputados de cada estado. O emedebista ainda não crê
que o BNB não será fundido ao BNDES. "O que garante que amanhã isso não
possa ocorrer por decreto? Nada! Temos de mostrar ao Governo Federal a força
que temos e que o Nordeste não vai ficar calado".
Ele
também adiantou que uma das ações locais está datada para 5 de abril, uma
audiência pública na AL-CE com presidentes de sindicatos bancários. Ele diz que
aconselhará aos outros deputados que criem agendas para o mesmo dia. Ressaltou
que o diálogo com o Congresso será uma das formas de se fazer perceber em
Brasília.
O
deputado Acrísio Sena diz que, nos planos, há entre as intenções um próximo
encontro em Fortaleza com os deputados das assembleias nordestinas. Estima que
seriam 420 deputados presentes. "Mas vai ser tudo em função desse primeiro
encontro. O ponto de partida é sentar com os presidentes e representações dos
estados, construir pauta comum e a discussão nas bancadas (federais)
fluirá".
Walter
Cavalcante (MDB) remonta a incorporação do Banco Nacional de Habitação à Caixa
Econômica, em 1986, pelo então presidente José Sarney (MDB). A Caixa passou
tempo para se adaptar, argumenta: "foi um trauma". Não se pode, diz,
fundir um banco de fomento ao micro e médio empreendedor, caso do BNB, a um
banco de desenvolvimento, caso do BNDES. "Ele (Bolsonaro) não foi eleito
com os votos do Nordeste, mas é presidente do Brasil", reivindica.
"O risco
é real", avalia presidente da AL do Maranhão
Pautas
Segundo
Sarto, tudo indica que será fixada legalização de consórcio entre estados do
Nordeste. O plano, oriundo do Fórum de Governadores da Região, deverá ser
encaminhado às casas legislativas no mesmo período. "Permite intercâmbio
de servidores e tecnologia, atuar de forma orgânica e barateia qualquer
mercadoria".
CARLOS
HOLANDA - O POVO