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Mesmo tendo seu dinheiro de volta, Daiane Paiva, que continua desempregada, fez um B.O. contra o vereador, e aguarda o resultado das investigaçõesFoto: Marcelino Júnior |
O vereador
de Sobral, Romário Araújo de Sousa, conhecido por Conselheiro Romário (Solidariedade),
é investigado por estelionato e apropriação
indébita. A Polícia instaurou um inquérito em que o político é
envolvido de prometer emprego público em troca de
participação em um curso. Uma das vítimas, Daiane Paiva investiu
em depósito bancário R$ 900 para a realização de um curso preparatório para o
exercício da função. Depois disso, não conseguiu nem emprego nem contato com o
vereador.
“Eu fiquei
revoltada. Me senti enganada por uma pessoa em quem confiei, e que sabia da
minha necessidade de estar empregada. Há muito tempo estou sem trabalho. Achei
uma falta de respeito, até porque eu conheço o Romário, sei da trajetória dele
antes de ser vereador”, disse Daiane, que teria sido abordada, no fim do
ano passado, pelo vereador com a promessa de emprego na área de
fiscalização institucional para prestação de serviço ao Governo
do Estado.
Depois que
ela fez o depósito, conforme a vítima, o vereador passou o contato do instituto
onde o curso seria feito, mas nunca conseguiu sequer participar das aulas. Ela
chegou a ser ressarcida. “A pessoa que conversava comigo, uma mulher por nome
Paula, sempre por meio de texto ou áudio, não apresentava nenhuma prova
real da seriedade da matrícula. O Romário também passou a não atender às minhas
ligações. Eu tive a confirmação que tudo poderia ser mentira, pelas redes
sociais. Mesmo tendo recebido o dinheiro de volta, eu busquei a Delegacia
Civil e fiz um Boletim de Ocorrência”.
Outra vítima
da promessa de emprego, mas que não teve a mesma sorte de Daine, pois ainda não
foi ressarcido dos R$ 900 que investiu em um curso preparatório, foi um
auxiliar de enfermagem que prefere ter seu nome preservado. Ao rapaz também foi
garantida a vaga de emprego na nova Unidade de Pronto Atendimento (UPA), a
ser inaugurada em Sobral. O auxiliar de enfermagem foi orientado a buscar uma
clínica médica para obter um Atestado de Saúde Ocupacional (ASO).
O documento jurídico é obrigatório para empresas e seus contratados, pois
atesta as condições físicas e mentais de cada funcionário. “Na clínica, eu
percebi a presença de muitas outras pessoas que estavam lá por orientação do
Romário. Era muita gente. Até hoje não tive meu dinheiro de volta, e como o
vereador não atende minhas ligações, estou em busca de meus direitos na
Justiça”, explica o rapaz, que também prestou queixa na delegacia contra o
vereador.
O assunto
ganhou espaço nas rádios locais e nas redes sociais. O que fez muitas das vítimas se
aproximarem umas das outras. Uma auxiliar administrativa que também prefere não
revelar a identidade, se diz envolvida no caso de uma forma inesperada. A
jovem, ex-amiga do vereador, cedeu sua conta poupança para futuros
depósitos. “No início de dezembro passado, o Romário, que frequentava minha
casa, pediu o meu cartão da conta emprestado para receber uns
depósitos que, posteriormente, seriam transferidos para outra
conta referente ao pagamento da pensão de um filho dele.
Depois disso, ele nunca mais devolveu meu cartão, e não me dava respostas sobre
o assunto. Eu só descobri toda essa situação depois que uma vítima dele, que me
conhece, me procurou para falar sobre o depósito de R$ 1.500 feito na
minha conta, referente ao pagamento de um curso. Eu cancelei o cartão e entrei
como vítima de estelionato no inquérito policial.
Investigação
O responsável
pela clínica onde os exames admissionais foram feitos também prefere manter em
sigilo seu nome e o da empresa, mas relata que já havia prestado esse tipo de
serviço ao vereador, atendendo a pessoas enviadas por ele, sem nenhum problema
posterior. “Percebi que esse número mais que dobrou em novembro passado.
Chegamos a atender cerca de 69 pessoas em busca do atestado. Nós ainda
aguardamos o pagamento dos serviços, o que não foi feito. Já prestamos queixa à
Polícia, e agora esperamos pelo resultado das investigações”,
adianta.
Fonte:
Diário do Nordeste