Alunos tiveram como merenda na manhã desta quinta-feira (21) arroz temperado com pequenos pedaços de frango.Fotos: Maristela Gláucia |
Licitação
para compra de alimentos está em andamento
Um
leite fraco com biscoito, uma sopa rala, ou apenas um simples
prato de arroz. Segundo a reclamação de algumas mães, essa tem sido a merenda
escolar servida este ano aos alunos da rede pública
municipal de Irauçuba, na região Norte do Estado.
“Desde
o ano passado, já percebíamos a falta de frutas, legumes, verduras e carnes, no
cardápio dos alunos. Aos poucos, o que tinha foi acabando e não houve reposição.
Muitas prateleiras das despensas estão vazias. O
município ainda não adquiriu nenhum recurso para a compra da merenda. Isso é um
absurdo. Essa é a primeira vez que eu vejo Irauçuba passar por essa situação”,
expõe a vereadora Cléia Barroso Caetano (PHS), que passou a visitar as
instituições de ensino para verificar a veracidade das reclamações que chegaram
até ela, pelos pais dos alunos.
O
município tem cerca de cinco mil estudantes distribuídos
em 26 escolas. Muitas das unidades têm se revezado com o pouco alimento
que restou do ano passado para dar conta da demanda. Na Escola Lucas Ferreira,
na sede do município, foi servido, na merenda desta quinta-feira (21), apenas
arroz temperado. "Mas uma vez tivemos que liberar os alunos mais cedo
por que faltou merenda”, diz a diretora, Maria Luiza Passos. “Nós estamos
utilizando a merenda do ano passado, dentro do prazo de validade. Mas, segundo
a secretária de Educação, já foi feita a licitação, e na próxima semana a
merenda deverá chegar às escolas”, conclui.
Do
outro lado está a agricultora Erilene de Sousa. O filho de seis anos estuda na
mesma escola, e tem reclamado da comida servida nos últimos dias. “Ele chegou
ontem em casa com fome. Isso porque a merenda tinha sido apenas arroz, e ele
não comeu”, reclama a mãe.
Licitação
“Temos
merenda do estoque das escolas, que possuem cardápio e nutricionista”, explica
a secretária de Educação do Município, Tânia Fontenele Alves, que não informou
quanto é investido em merenda escolar em Irauçuba. “Nós fizemos a nossa parte,
ao mandar a licitação em novembro do ano passado, para que exatamente no início
do ano letivo tivéssemos merenda nas escolas. No último dia 11, houve a licitação
da merenda escolar e algumas empresas entraram com recurso. Eu
acredito que hoje se finaliza esse processo, após a análise desses recursos, e
a partir da próxima semana tenhamos merenda de qualidade. Não falta merenda”,
reforça a secretária.
Tânia
Fontenele Alves não aprovou a atitude da diretora da Escola Lucas
Ferreira, em ter servido apenas arroz para os alunos. "No cardápio do dia
seria frango, que não chegou em tempo hábil, e ela deveria ter liberado os
alunos”, explica a diretora.
A
volta às aulas no município ocorreu no dia primeiro deste mês. Os recursos da
merenda escolar de Irauçuba têm como fontes federais oPrograma Nacional
de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa Mais
Educação, de acordo com Francisco Firmino, ex-secretário de
Administração municipal.
“Os
dois juntos chegam a quase R$ 1 milhão, parcelados em 10 vezes, ao longo do
ano. A primeira parcela deve entrar no início do mês de março; mas isso não é
desculpa para que o município não licite, compre e adiante a merenda nas
despensas das escolas. No passado eram utilizados recursos próprios, enquanto
não chegava o restante do dinheiro. Para ter uma ideia, em 2016 foram aplicados
cerca de R$ 500 mil do tesouro municipal para a merenda escolar”, revela
Firmino.
“O
edital foi lançado no dia 29 de janeiro, feito em concorrência pública, que
demora mais de dois meses para ser concluída. A licitação deveria ter ocorrido
pela modalidade de pregão presencial, menos burocrático, que leva cerca de 25
dias para ser finalizado”, expõe o ex-secretário sobre o caso, que foi levado
ao Ministério Público do Estado. “As escolas já começaram, esta semana, a ser
visitadas pelo Ministério Público, acompanhado por uma equipe do Conselho
Tutelar local.
Aguardamos o resultado dessa primeira avaliação para saber que
medidas deverão ser tomadas pelo Poder Público para resolver o problema”,
reforçou a vereadora Cléia Barroso Caetano.
Fonte:
Diário do Nordeste