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O secretário Mauro Albuquerque concedeu entrevista à rádio O POVO CBN na manhã desta terça-feira, 19 (Foto: Gustavo Simao/Especial para O POVO) |
No
centro da crise de segurança pública que o Ceará vivenciou durante o mês de
janeiro, quando o Estado foi alvo de ataques comandados por facções criminosas,
o secretário da Administração Penitenciária, Luís Mauro Albuquerque Araújo,
defendeu a política da pasta quanto ao sistema prisional, que sofreu medidas
duras recentes, como o corte de visitas íntimas, fechamento de unidades e
redistribuição de presos e agentes.
“Falar
que eu provoquei um colapso… Eu resolvi um colapso”, disse Mauro Albuquerque em
entrevista à rádio O POVO CBN na manhã desta terça-feira, 19, em resposta à
ideia de que suas medidas teriam sido a causa das ações criminosas empreendidas
no mês passado. Os ataques tiveram início após fala do secretário de que não
reconhecia facções e não respeitaria a divisão delas no sistema prisional.
Mauro
Albuquerque ressaltou as ações da Secretaria para evitar o comércio dentro dos
presídios, que, segundo ele, eram “centros de ganhar dinheiro”. “Eles vendiam
tudo… Tinha centrais de extorsão via telefone, contando historinhas para (a
vítima) depositar dinheiro”, disse, referindo-se aos golpes promovidos por
presos que simulavam sequestros, por exemplo, no intuito de receber
recompensas.
Com
as novas políticas para o sistema prisional, práticas como essa estão
encerradas. O motivo seria uma vigilância mais incisiva no comportamento
dos presos, sempre acompanhados de um agente prisional. Segundo o
secretário, as ações já resultaram na apreensão de mais de 3.200 celulares e
redistribuição de cerca de 4 mil presos.
“A
gente está dentro do sistema penitenciário com vigilância aproximada, ou seja,
o agente está 24 horas dentro da galeria com o preso. Então não há espaço pra
ele ter essa liberdade que ele tinha antes”, argumentou Mauro Albuquerque.
Para
que houvesse essa mudança, ele aponta que, ao todo, 92 unidades prisionais
foram fechadas, gerando a realocação de presos e agentes penitenciários. A
maioria dos detentos foi encaminhada para Fortaleza. “A gente tinha cadeia
pequena, com 40 presos para um agente”, explicou.
Visitas íntimas
Durante
a entrevista, o secretário voltou a falar sobre o corte na realização de
visitas íntimas. A política ainda está sendo revista pela pasta. As visitas
estariam condicionadas ao comportamento dos presos. “Quem fizer por onde, vai
ter. Se, em seis meses, (o preso) não tiver cometendo nenhuma situação, a
gente vai visualizar essa possibilidade”, afirmou.
Mauro
Albuquerque já havia comentado o assunto em entrevista
ao O POVOpublicada nessa segunda-feira, 18. Na
entrevista desta terça, argumentou novamente que as visitas íntimas não são um
recurso legal, mas “uma concessão do Estado, uma regalia que se tomou como
direito absoluto”.
“O
grande problema do sistema penitenciário é que não tem um local específico
(para as visitas). Há estupro, há sexo na frente de crianças, dentro das celas,
uma coisa que o Estado não pode admitir”, apontou.
KEVIN
ALENCAR - O Povo