
Ele
diz que decidiu deixar a vida pública e se dedicar à carreira acadêmica no
exterior devido a ameaças recebidas no país
São
Paulo – Jean Wyllys, eleito pela terceira vez consecutiva deputado federal
pelo PSOL do Rio de Janeiro, decidiu não assumir o mandato.
Ele
está fora do Brasil em férias, em um local não revelado, e não pretende voltar.
A decisão foi divulgada em entrevista exclusiva para
o jornal Folha de São Paulo publicada nesta quinta-feira (24).
“Essa
não foi uma decisão fácil e implicou em muita dor, pois estou com isso também
abrindo mão da proximidade da minha família, dos meus amigos queridos e das
pessoas que gostam de mim e me queriam por perto”, diz o parlamentar.
Wyllys
diz que decidiu deixar a vida pública e se dedicar a retomar sua carreira
acadêmica devido a ameaças recebidas no país.
Desde
o assassinato de Marielle Franco, sua companheira de partido, em março do ano
passado, Wyllys vive sob escolta policial: “Eu não quero ser mártir. Eu
quero viver.”
Ele
diz que outro ponto que pesou foram as revelações recentes de que familiares do
ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte
de Marielle e que está foragido trabalharam no gabinete do
senador eleito Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual pelo Rio de
Janeiro.
“Me
apavora saber que o filho do presidente contratou no
seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, diz Wyllys. “O presidente que sempre
me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de
homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”.
Wyllys
era professor universitário e escritor e ganhou projeção nacional ao vencer a
quinta edição do programa Big Brother em 2005.
Eleito
pela primeira vez em 2010, foi o primeiro parlamentar assumidamente homossexual
a levantar pautas da comunidade LGBT no Legislativo.
O
seu suplente, que deve assumir o mandato no seu lugar, é o vereador carioca
David Miranda (PSOL-RJ), que também é homossexual.
Exame