Em
sua última sessão do ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou hoje
(18), por unanimidade, numa votação de poucos segundos, uma nova resolução para
regulamentar o pagamento de auxílio-moradia aos magistrados brasileiros, no
valor máximo de R$ 4.377,73.
A
norma tem validade a partir de janeiro de 2019, mesmo mês em que os magistrados
brasileiros devem receber o aumento de 16,38% nos salários, que acompanham o
reajuste aprovado neste ano no Congresso para os vencimentos de ministros do
Supremo.
Em
26 de novembro, o presidente Michel Temer sancionou o reajuste dos ministros do
Supremo, após um acordo informal com o presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), ministro Dias Toffoli, e com o ministro Luiz Fux, relator no STF de ao
menos seis ações que questionam o benefício.
Até
o mês passado, todos os magistrados brasileiros poderiam receber o
auxílio-moradia, independentemente de ter residência própria no local de
trabalho, por força de uma liminar (decisão provisória) expedida por Fux em
2014.
No
mesmo dia em que Temer sancionou o reajuste, Fux revogou a liminar, interrompendo
o pagamento do benefício a partir de janeiro para todos os magistrados e
membros do Ministério Público, entre outras carreiras jurídicas. Na decisão,
porém, ele determinou que o CNJ regulamentasse o tema, abrindo caminho para o
retorno do auxílio-moradia.
Critérios
A
resolução aprovada nesta terça-feira (18) prevê cinco critérios que devem ser
atendidos para que o magistrado, seja no âmbito federal ou estadual, possa ter
direito ao auxílio-moradia. Segundo estimativa preliminar do CNJ,
aproximadamente 180 juízes teriam direito ao benefício sob tais critérios,
cerca de 1% da magistratura.
Os
critérios são: que não haja imóvel funcional disponível; que cônjuge ou
qualquer pessoa que resida com o magistrado não ocupe imóvel funcional; que o
magistrado ou cônjuge não possua imóvel próprio na comarca em que vá atuar; que
o magistrado esteja exercendo suas funções em comarca diversa do que a sua
original; que o dinheiro seja gasto exclusivamente com moradia.
Isso
quer dizer que um magistrado não deve ter direito ao benefício para pagar por
moradia naquela localidade em que seja lotado após prestar concurso público,
mas somente nos lugares para onde seja deslocado para prestar serviço
excepcional, numa comarca diferente, por exemplo.
De
início, a minuta de resolução previa ainda que o benefício teria “natureza
temporária, caracterizada pelo desempenho de ação específica”, mas esse trecho
acabou suprimido da versão final. Numa primeira versão aprovada e
divulgada pelo CNJ, esse trecho acabou suprimido, mas ao final da sessão
desta terça, foi mais uma vez incluído ao texto final.
A
resolução, porém, prevê que para produzir efeitos o Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP) deve aprovar norma conjunta que "harmonize"
o pagamento do auxílio-moradia também aos membros do MP, obedecendo ao
princípio constitucional de simetria com a magistratura.
Agência Brasil