A
pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB),
foi preso na manhã de hoje (28) no Palácio Laranjeiras, residência oficial do
governo fluminense. De acordo com a PGR, são nove os alvos da Operação Boca de
Lobo, que, além de Pezão, mira assessores e um sobrinho. As ações são
execuradas pela Polícia Federal.
Entre
os nomes estão José Iran Peixoto Júnior, secretário de Obras; Affonso Henriques
Monnerat Alves da Cruz, secretário de Governo; Luiz Carlos Vidal Barroso,
servidor da secretaria da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico, e Marcelo
Santos Amorim, sobrinho do governador.
Também
estão entre os alvos Cláudio Fernandes Vidal, sócio da J.R.O Pavimentação; Luiz
Alberto Gomes Gonçalves, sócio da J.R.O Pavimentação; Luis Fernando Craveiro de
Amorim e César Augusto Craveiro de Amorim, ambos sócios da High Control.
“Existe
uma verdadeira vocação profissional ao crime, com estrutura complexa,
tracejando um estilo de vida criminoso dos investigados, que merece resposta
efetiva por parte do sistema de defesa social”, disse a procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, no pedido das prisões.
Fato
novo
A
procuradora Raquel Dodge afirmou que ficou “demonstrado ainda que, apesar de
ter sido homem de confiança de Sérgio Cabral e assumido papel fundamental
naquela organização criminosa, inclusive sucedendo-o na sua liderança, Luiz
Fernando Pezão operou esquema de corrupção próprio, com seus próprios
operadores financeiros”. As conclusões se sustentam em informações decorrentes
de uma colaboração premiada homologada no Supremo Tribunal Federal e documentos
apreendidos na residência de um dos investigados na Operação Calicute.
A
partir daí foram realizadas diligências que permitiram aos investigadores
complementarem as provas. Foram analisadas provas documentais como dados
bancários, telefônicos e fiscais.
Na
petição enviada ao STJ, a procuradora-geral explicou que a análise do material
revelou que o governador Pezão e assessores integraram a operação da
organização criminosa de Sérgio Cabral (preso há mais de dois anos e já
condenado judicialmente) e que o atual governador sucedeu Cabral na liderança
do esquema criminoso.
Segundo
a procuradora, cabia a Pezão dar suporte político aos demais membros da
organização que estão abaixo dele na estrutura do poder público. De acordo com
Dodge, Pezão recebeu “valores vultosos, desviados dos cofres públicos e
que foram objeto de posterior lavagem”.
Prisões
Além
de apresentar a existência de provas, segundo as quais o esquema criminoso
estruturado pelo ex-governador Sérgio Cabral continua ativo, o Ministério
Público Federal sustentou na petição que, solto, Luiz Fernando Pezão poderia
dificultar ainda mais a recuperação dos valores, além de dissipar o patrimônio
adquirido em decorrência da prática criminosa.
Há
registros documentais, nos autos, do pagamento em espécie a Pezão de mais de R$
25 milhões no período 2007 e 2015. Valor absolutamente incompatível com o
patrimônio declarado pelo emedebista à Receita Federal. Em valores atualizados,
o montante equivale a pouco mais de R$ 39 milhões (R$ 39.105.292,42) e
corresponde ao total que é objeto de sequestro determinado pelo ministro
relator.
Em
relação ao sequestro de bens, a procuradora-geral destacou que “é dever do
titular da ação penal postular pela indisponibilidade de bens móveis e imóveis
para resguardar o interesse público de ressarcimento ao Erário e também aplacar
os proventos dos crimes”.
Desdobramentos
De
acordo com a PGR, a ação de hoje é mais uma uma operação decorrente dos
desdobramentos da Lava Jato. Resultados de petição apresentada pela
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao relator do caso do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), ministro Félix Fisher.
No
total são 30 mandados cumpridos pela Polícia Federal nas cidades do Rio de
Janeiro, Piraí, Juiz de Fora, Volta Redonda e Niterói. Além das prisões, o
ministro Felix Fischer, autorizou buscas e apreensões em endereços ligados a 11
pessoas físicas e jurídicas, bem como o sequestro de bens dos envolvidos até o
valor de R$ 39,1 milhões.
Investigações
De
acordo com as investigações que embasaram as medidas cautelares, o governador
integra o núcleo político de uma organização criminosa que, ao longo dos
últimos anos, cometeu vários crimes contra a Administração Pública, com
destaque para a corrupção e lavagem de dinheiro.
Ao apresentar os pedidos, a procuradora Raquel Dodge ressaltou que a organização criminosa desviou verbas federais e estaduais, inclusive, com a remessa de vultosas quantias para o exterior –, vem sendo desarticulada de forma progressiva, com o avanço das investigações.
Ao apresentar os pedidos, a procuradora Raquel Dodge ressaltou que a organização criminosa desviou verbas federais e estaduais, inclusive, com a remessa de vultosas quantias para o exterior –, vem sendo desarticulada de forma progressiva, com o avanço das investigações.
A
procuradora enfatizou ainda que Luiz Fernando Pezão foi secretário de Obras e
vice- governador de Sergio Cabral, entre 2007 e 2014, período em que já foram
comprovadas práticas criminosas como a cobrança de um percentual do valor dos
contratos firmados pelo Executivo com grandes construtoras, a título de
propina.
Entrevista
Raquel
Dodge e integrantes da equipe darão detalhes do caso em entrevista coletiva às
9h na Procuradoria-Geral da República, em Brasília.
Agência Brasil