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TRÁFICO | A SSPDS recolheu 1.984 armas, entre janeiro de 2016 e junho de 2017.
Destas, 869 estavam registradas aqui mesmo no Ceará. Levantamento sugere que
tráfico também é alimentado no próprio Estado
Quase
metade das armas com registro prévio apreendidas no Ceará pelas forças de
segurança estaduais, no intervalo entre janeiro de 2016 e junho de 2017, havia
sido legalizada no próprio Estado. Neste intervalo, foram recolhidos 1.984
armamentos com identificação. As informações constam no levantamento realizado
pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e divulgado pelo
Instituto Sou da Paz.
O
estudo detalhou o local de registro dos equipamentos por unidade da federação.
No ranking, o Ceará sucedido por São Paulo (14%) e Distrito Federal (8%). O
resultado sugere que o mercado do tráfico de armas no Estado é mais alimentado
localmente do que se imaginava, sendo a maioria desses equipamentos de calibres
comuns e uso permitido.
"Indica
que esse fluxo de tráfico de armas que chega ao crime é muito mais curto do que
se imagina. Existe esse 'senso comum' de que elas vêm de fora, de grandes
fluxos internacionais, mas não. Há duas possibilidades: ou ela só circula
internamente no mercado nacional, ou uma arma que é nacional, foi exportada e
voltou.", ressalta Natalia Pollachi, coordenadora de projetos do Sou da
Paz.
Outra
informação relevante do estudo é que a maioria das armas apreendidas, sendo
1.281 (64,6%) delas, tinha registro em situação "regular", o que
também aponta para duas situações: ou as armas estavam sendo usadas no
cometimento de crimes diretamente por seus proprietários, ou a notificação
obrigatória, em casos de roubos, furtos ou extravios, não está sendo cumprida.
Além
disso, 11,5% das armas constavam como "apreendidas", o que também
indica duas possibilidades, sendo a primeira a não atualização dos casos em que
as armas foram apreendidas e devolvidas a seus proprietários. A segunda, e
ainda mais grave, aponta para desvios, roubos ou furtos de armas custodiadas
pelo poder público, como nos casos de ações contra fóruns, por exemplo, onde
ficam confinadas, durante determinado período, as armas que integram processos
judiciais.
O
Instituto também identificou fragilidade na forma como alguns equipamentos são
registrados pela Polícia Federal. Conforme a pesquisadora, 13% do cadastro das
armas registradas não especificava o endereço do proprietário e 28% deles não
tinham sequer informações básicas, como a profissão do dono da arma. O POVO
solicitou informações à PF, mas não obteve retorno.
"Muitas
vezes, quando esse registro é feito, ele é feito de forma não satisfatória.
Esse é um dado mínimo para o controle da circulação de armas no País. Essas são
falhas graves de cadastro que precisam ser apuradas", destacou Pollachi.
Fonte:
O Povo