O ex-presidente da República afirmou que, se o
partido não deixar o ministério do governo de Temer, vai se confundir com
%u201Co peemedebismo dominante%u201D e se tornar "coadjuvante na briga
sucessória"
O ex-presidente da República Fernando Henrique
Cardoso defendeu que o PSDB faça “mea culpa” e desembarque do governo do Michel
Temer (PMDB) para não se tornar “coadjuvante” nas eleições do próximo ano.
Declaração fortalece tese do senador Tasso Jereissati, presidente interino da
sigla, e vai de encontro com posição do também senador Aécio Neves, licenciado
do comando tucano.
Segundo FHC, o apoio inicial dado a Temer foi
necessário durante a transição política, mas, agora, partido precisa tomar uma
decisão. “Ou o PSDB desembarca do governo na convenção de dezembro e reafirma
que continuará votando pelas reformas ou sua confusão com o peemedebismo
dominante o tornará coadjuvante na briga sucessória” , afirmou em artigo
publicado ontem nos jornais “O Globo” e “O Estado de São Paulo”.
Defendendo que a legenda “passe a limpo o passado
recente”, o presidente de honra do PSDB relembrou de propaganda do partido
transmitida na televisão e no rádio em agosto deste ano que defendia
autocrítica. Na época, Tasso assumiu responsabilidade e disse que “não se
arrependia de nada”, frente a críticas de ala governista.
Tasso já sinalizou que deve se candidatar à
presidência do partido em convenção marcada para dezembro. O governador de
Goiás, Marconi Perillo também é candidato.
FHC, porém, evita se aliar diretamente ao grupo de
Tasso, conhecido como “cabeças pretas”, e defende a unidade do partido,
dividido sobre permanência do partido no governo. “É hora também de juntar as
facções internas e centrar fogo nos adversários externos”, disse. “Os cabelos
não precisam ser tingidos, mas a alma deve ser nova, para que a coligação que
formar ganhe credibilidade e possa virar a página dos desastres recentes”.
Repercussão
Discurso de Fernando Henrique, porém, reitera fala
repetida em diversas ocasiões por Tasso, o que irritou o próprio Temer e
tucanos governistas. O deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG) acredita que
declaração fortalece Tasso porque “tem tudo a ver com o que ele dizia”.
O deputado desconversou, porém, quando questionado
se artigo incomodou grupo dos cabeças brancas. “Eu acho que (o texto) traz uma
perspectiva de unidade, foi muito bom, muito positivo. Teve gente dessa ala que
elogiou”, disse.
O deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), que é
aecista e fez diversas críticas às posições de Tasso, elogiou o artigo. “O
Fernando Henrique é nossa principal referência. O importante foi o chamado dele
à unidade e renovação das práticas do PSDB”, disse.
Ele discorda, porém, que declaração vá em encontro
com posição do cearense. “O conteúdo não é a tradução exatamente da visão do
Tasso. Nosso problema não era fazer autocrítica, o que eu verbalizei era que se
fizesse uma autocrítica bem feita, o que não aconteceu com o Tasso”. (Letícia
Alves)
Fonte: O Povo