Força-tarefa
de agentes penitenciários federais participa da operação.
Penitenciária
registra tumultos desde rebelião que deixou 26 mortos.
Homens
do Grupo de Operações Especiais (GOE) do governo do Rio Grande do Norte e
agentes penitenciários da força-tarefa federal entraram, na manhã desta
sexta-feira (27), na Penitenciária Estadual de Alcaçuz. A operação, denominada
Phoenix, tem como objetivo retomar, reestabelecer e reformar o presídio, palco
de uma rebelião que deixou 26 mortos no dia 14 de janeiro.
Segundo
o comando da operação, o controle dos pavilhões 4 e 5, onde ficam detentos
ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), foi retomado. Nos pavilhões 1, 2
e 3, do Sindicato do RN, presos trabalham na reconstrução dos muros, retiram
pichações e recolhem escombros da unidade.
O
titular da Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, Wallber Virgolino, está
em Alcaçuz e disse ao G1 que a operação foi deflagrada após uma ordem direta do
governador Robinson Faria, que coordenou e acompanhou toda a operação à
distância. "Vamos recuperar as celas e reformar o pavilhão 5. Enquanto
isso, os presos vão permanecer dentro da unidade", ressaltou Wallber.
Uma
revista em busca de objetos proibidos também deve ser realizada no presídio. Os
agentes retiraram as bandeiras das facções dos telhados da unidade e hastearam
bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Norte e do sistema penitenciário.
O
nome da Operação Phoenix é uma alusão a um pássaro da mitologia grega que,
quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum tempo, renascia das
próprias cinzas.
A
operação marca a entrada em operação da força-tarefa federal de agentes
penitenciários criada pelo Ministério da Justiça em meio à série de rebeliões e
mortes ocorridas em prisões brasileiras. Um grupo de 78 profissionais chegou ao
Rio Grande na noite da última quarta-feira (25).
Os
agentes, de outros estados, têm treinamento especial para atuação em casos
específicos como rebeliões, controle da população carcerária e intervenção em
unidades prisionais. O trabalho desses profissionais é acompanhado pelo
Departamento Penitenciário Nacional.
A
penitenciária está dividida em duas. Para evitar que membros do PCC e do
Sindicato do RN, facção rival, circulem livremente pelos pavilhões do presídio
após diversas mortes confirmadas, contêineres provisórios foram instalados
para separar os pavilhões 4 e 5 (do PCC) dos pavilhões 1, 2 e 3 (do Sindicato
RN). Posteriormente os contêineres serão substituídos por um muro de concreto.
Transferências
Mais
de 200 presos já foram transferidos de Alcaçuz desde o início da rebelião.
Na
segunda-feira (16), cinco presos foram retirados de Alcaçuz. De acordo com a
Secretaria de Segurança Pública, entre eles estão os chefes do PCC, facção que
promoveu a matança de presos entre o sábado (14) e o domingo (15) dentro da
unidade. Os presos transferidos foram Paulo da Silva Santos, João Francisco do
Santos, José Cândido Prado, Paulo Márcio Rodrigues de Araújo e Thiago Souza
Soares.
Sem
grades
Inaugurada
em 1998 com foco na "humanização", a penitenciária de Alcaçuz, no Rio
Grande do Norte, está sem grades nas celas desde uma rebelião em março de 2015.
Com isso, os presos circulam livremente e os agentes penitenciários se limitam
a ficar próximos à portaria. O complexo, no município de Nísia Floresta, na
Grande Natal, tem capacidade para 620 pessoas, mas abriga o dobro de presos
(veja como funciona Alcaçuz).
Massacres
O
Rio Grande do Norte foi o terceiro estado a registrar matanças em presídios
deste ano no país. Na virada do ano, 56 presos morreram no Complexo
Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Outros oito detentos foram
mortos nos dias seguintes no Amazonas: 4 na Unidade Prisional Puraquequara
(UPP) e 4 na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoal. No dia 6, 33
foram mortos na Penitenciária Agrícola Monte Cristo (Pamc), em Roraima.
O
governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, classifica o massacre em
Alcaçuz como "retaliação" ao que ocorreu em Manaus, onde presos
supostamente filiados ao PCC foram mortos por integrantes de uma outra facção
do Norte do país.
Fonte:
G1-CE