O presidente Michel Temer fez nesta terça-feira o
discurso de abertura da 71a. Assembleia Geral das Nações Unidas, cumprindo com
a tradição de o Brasil sempre abrir o evento.
Em sua primeira fala ante o plenário da ONU, Temer começou destacando a
"vocação do Brasil de abertura ao mundo" e os valores defendidos por
seu país, "paz, desenvolvimento sustentável e respeito aos direitos
humanos".
Não demorou para abordar sua controvertida chegada ao poder, que, segundo ele,
foi uma vitória da democracia.
Temer tomou posse no dia 31 de agosto depois do impeachment de Dilma Rousseff,
acusada de maquiar as contas públicas, mas os simpatizantes da ex-presidente
afirmam que na verdade se tratou de um golpe de Estado.
No entanto, em seu discurso ele afirmou que o impeachment "transcorreu
dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional".
"O Brasil acaba de atravessar processo longo e complexo, regrado e
conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira, que culminou
em um impedimento. Tudo transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem
constitucional. Não há democracia sem Estado de direito - sem normas que se
apliquem a todos, inclusive aos mais poderosos. É o que o Brasil mostra ao
mundo", enfatizou.
"Não prevalecem vontades isoladas, mas a força das instituições, sob o
olhar atento de uma sociedade plural e de uma imprensa inteiramente
livre", afirmou ainda.
Temer falou que está comprometido com "o caminho da responsabilidade
fiscal e da responsabilidade social" para o Brasil, atingido por uma grave
crise econômica.
"Nossa tarefa, agora, é retomar o crescimento econômico e restituir aos
trabalhadores brasileiros milhões de empregos perdidos. Temos clareza sobre o
caminho a seguir: o caminho da responsabilidade fiscal e da responsabilidade social.
A confiança já começa a restabelecer-se, e um horizonte mais próspero já começa
a desenhar-se. Nosso projeto de desenvolvimento passa, principalmente, por
parcerias em investimentos, em comércio, em ciência e tecnologia. Nossas
relações com países de todos os continentes serão, aqui, decisivas".
Como era esperado, informou que o país se tornará na quarta-feira a última das
grandes economias a ratificar o acordo de Paris sobre mudanças climáticas.
"O apoio aos países em desenvolvimento será decisivo para a concretização
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A prosperidade e o bem-estar no
presente não podem penhorar o futuro da humanidade. Mais do que possível, é
necessário crescer de forma socialmente equilibrada com respeito ao meio
ambiente. O planeta é um só. Não há plano B. Devemos tomar medidas ambiciosas,
sob o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas".
O Brasil, um dos países do mundo com mais biodiversidade, "é uma potência
ambiental que tem compromisso inequívoco com o meio ambiente", ressaltou.
Temer também dedicou parte de seu discurso a saudar a paz na vizinha Colômbia,
felicitando seu colega colombiano, Juan Manuel Santos, por alcançar um acordo
com a guerrilha das Farc.
"Com os acordos entre o governo colombiano e as FARC, vislumbramos o fim
do derradeiro conflito armado de nosso continente. Cumprimento o Presidente
Juan Manuel Santos e todos os colombianos", disse Temer.
"O Brasil continua disposto a contribuir para a paz na Colômbia",
acrescentou.
AFP