De jarros a mesas, produzir objetos de maneira consciente é um conceito
cada vez mais aplicado por cearenses. Usando a criatividade e aliando o
artesanato à preocupação ambiental, o cearense Nelson de Almeida, de 42
anos, transforma pneus velhos que iriam para o lixo, em Fortaleza, em objetos
de decoração.
Seja mesas de
decoração, cadeiras, poltronas ou até árvores natalinas, o cearense já
arrecadou bastante dinheiro com sua arte. Trabalhando com arte em pneu há nove
anos, Nelson conta que já chegou a faturar cerca de R$ 40 mil por mês só
com a profissão.
“Há alguns
anos eu vendia para empresas de jardinagem. Claro que tinha que pagar
funcionários e outras coisas a mais, mas era um dinheiro muito bom. Hoje
em dia, por falta de parcerias e investimento do governo nos artesãos, só
consigo arrecadar cerca de R$ 5 mil por mês”, detalhou.
Para o
artista, fazer objetos bonitos com pneu não é fácil, mas é uma satisfação.
“Faço isso para deixar os locais mais bonitos e para preservar o meio ambiente.
Se eu pudesse, eu saía doando lixeiras feitas de pneu pela cidade só pra ajudar
o meio ambiente”, indica Nelson.
Mesmo
sobrevivendo da própria arte, Nelson é um dos cearenses que também contribui
para o desenvolvimento ambiental do Estado. “Já rodei mais de 400 km pelo Ceará
atrás de pneu. Hoje, os pneus não são reutilizados, eles sempre são queimados e
isso é um mal muito grande ao meio ambiente. Com a minha profissão eu já tirei
meio milhão de pneus das ruas”, explicou.
Vendendo peças artesanais de R$ 15 a R$ 20, o artesão descobriu o
talento após um momento de desespero. “Eu tinha pedido o emprego e não sabia o
que fazer. Eu sozinho um dia em casa vi 33 pneus que um amigo meu tinha
deixado. Peguei o facão da minha esposa e comecei a cortá-los. Aí fui
descobrindo o meu talento”, ressaltou.
“Eu sempre
gostei de fazer parcerias, de ir atrás de vender mesmo, nunca fiquei parado.
Então quando descobri que tinha talento eu fui me mexendo e descobri um ramo
que jamais imaginava”, contou.
Sonho parado
Mesmo
atingindo o auge com a venda dos produtos reutilizáveis, a crise tem afetado um
pouco o ramo, mas nada que abale o artesão. “Com a crise eu tive uma queda de
faturamento muito grande. Eu tinha 13 funcionários e hoje só tenho um. Mas nem
sei se o certo é por causa da crise mesmo. Realmente a falta de interesse das
pessoas em investir em produtos recicláveis, em investir na sustentabilidade e
no meio ambiente é grande”, contou.
Fonte: Tribuna do Ceará