Réu em dois processos na Operação Lava Jato, com um pedido de prisão
ainda para ser analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e lutando para
salvar o seu mandato, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
foi recebido no último domingo, (26/06), pelo presidente em exercício, Michel
Temer.
Segundo interlocutores de Temer, que
confirmaram o encontro, o presidente em exercício abriu as portas do Palácio do
Jaburu para os dois fazerem “uma avaliação do quadro político atual”. A
reunião, segundo fontes ligadas a Temer, teria sido uma iniciativa de Cunha,
que telefonou para o presidente em exercício pedindo a conversa reservada.
Procurado, Cunha negou o encontro.
“Não estive com ele ontem. Eu não confirmo.” Apesar da negativa, o presidente
afastado da Câmara disse que “era normal” o encontro e que o fazia “com
regularidade”.
Além das implicações de Cunha na Lava
Jato e suas possíveis consequências para o governo Temer, o Planalto também se
preocupa com a sucessão na presidência da Câmara dos Deputados. O governo teme
que um racha entre os aliados para a disputa prejudique a governabilidade na
Casa e atrapalhe votações de seu interesse. Nos dois casos, entretanto, até
agora o esforço de Temer era adotar um discurso de que o assunto é do
Legislativo e não pode sofrer interferência do Executivo.
Interesse
O governo, porém, tem todo o interesse
que o escolhido seja alinhado com o Planalto, para facilitar o andamento das
propostas, embora tanto a Câmara quanto o Senado tenham aprovado todos os
projetos até agora.
Em entrevista na sexta-feira passada,
Temer disse que Cunha não o atrapalhava em “absolutamente nada” e que era
“claro” que os dois conversavam. “Aqui no Brasil há esse preconceito. Acha que
não se pode falar com ninguém”, disse o presidente em exercício.
Temer e Cunha já se encontraram pelo
menos três vezes desde que ele assumiu a Presidência interinamente, no dia 12
de maio. No encontro mais recente, a sucessão na Câmara entrou na pauta. Temer
tem pressa em uma solução na Casa, embora, oficialmente, o discurso seja de
distanciamento.
Surpresa
O presidente em exercício se
surpreendeu com o número de candidatos à presidência da Câmara. Cunha está
afastado do mandato como deputado e consequentemente da presidência da Câmara
desde o início de maio.
Apesar de trabalhar para evitar a
cassação de seu mandato e até mesmo se manter à frente do comando dos trabalhos
dos deputados, diante da iminência crescente de sua saída definitiva, Cunha tem
trabalhado intensamente para influenciar diretamente na escolha de seu sucessor
na função.
Caso o peemedebista saia do cargo,
pela legislação, uma nova eleição precisará ser convocada para um “mandato
tampão”, até que, em fevereiro do ano que vem, um novo deputado seja eleito
para um novo mandato de dois anos. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
Fonte: Estadão Conteúdo