A segunda quinzena de
julho traz decisões importantes para a segurança hídrica da Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF) até 2017. O período é o novo prazo pedido pela
Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) para apresentar plano de
contingência, detalhando opções de racionamento. E, no dia 20, haverá a segunda
tentativa de votar a liberação das águas do açude Orós. Medida que gera
impasses e depende de cinco Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs). Não houve um consenso na última
reunião dos comitês, no dia 2 de junho, marcado por debates acalorados e
apreensão de produtores e moradores da região sobre as consequências da
liberação. A decisão colegiada envolve os diversos setores das regiões afetadas
pela proposta, como produtores rurais, indústrias, associações da entidade
civil e representantes do poder público municipal, estadual e federal.
“São muitos
interesses divergentes. Quando a água está escassa, surgem os conflitos na
defesa de cada atividade”, analisa Alcides Duarte, secretário-geral da CBH do
Alto Jaguaribe, onde fica o Orós. Segundo Duarte, o uso do açude Banabuiú em
2014 para complementar o Castanhão no abastecimento da Capital é apontado como
experiência negativa. “O Banabuiú está seco, a cidade está buscando água em
adutoras. Os moradores querem cautela, porque o Centro-Sul não tem o mar perto
para dessalinizar e tem menos alternativas que a Capital”, pondera.
O receio é de um esvaziamento do Orós e do prejuízo
para pequenos irrigantes e pescadores, além da mortandade de peixes, elenca
Júlio Alves, representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Assaré no
CBH do Alto Jaguaribe. Segundo explica, o sindicato entende que a água é
prioritariamente para o abastecimento humano. “Somos contra a forma como as
águas são liberadas em canais a céu aberto ou no leito dos rios. Há grandes
desperdícios pela evaporação”, exemplifica.
Capacidade
Apesar de ser o segundo maior
açude do Ceará, o Orós está com a maior reserva atualmente. São 651 bilhões de
litros, ultrapassando os 570 bilhões de litros do Castanhão. E tem sido
defendido pelo Governo como alternativa para o abastecimento da RMF.
As bacias do Alto, Médio e Baixo Jaguaribe, do
Salgado e do Banabuiú voltam a discutir o tema em reunião de alocação marcada
para o dia 20, em Limoeiro do Norte. Como na primeira tentativa, haverá
apresentação de simulações e cenários técnicos de abastecimento até a próxima
quadra chuvosa.
Fonte: O Povo