Prejuízo das fraudes poderia chegar a R$ 15
milhões, segundo a PF.
Os bens dos três mentores do grupo foram bloqueados.
Investigações da
Força-Tarefa Previdenciária, composta pela Polícia Federal, Ministério da
Previdência Social e Ministério Público Federal, identificaram, em Fortaleza,
uma quadrilha que fraudava benefícios previdenciários e empréstimos consignados
para obter vantagens financeiras. Somente em um dos casos, a polícia detectou
que uma pessoa adquiriu R$ 600 mil com a suspensão indevida de empréstimos,
prática conhecida como "ciranda dos consignados". A operação, denominada "Ciranda", foi
deflagrada nesta quinta-feira (23), com a participação 16 policiais federais e
servidores da Previdência Social. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos
em duas agências do INSS, nos bairros Damas e Centro, de onde foram
identificadas as fraudes. Nos locais foram apreendidos documentos e materiais
de informática, que deverão ser periciados.
A Polícia Federal identificou um
funcionário público do INSS, um ex-servidor previdenciário e um despachante
como sendo os mentores do esquema fraudulento, que envolvia ainda "laranjas"
e beneficiários do INSS. O trio foi conduzido coercitivamente durante a
operação para prestar esclarecimentos na sede da PF. Os três envolvidos também
tiveram os bens bloqueados para ressarcimento do dinheiro.
Conforme a chefe da Força-Tarefa
Previdenciária, delegada federal Adriana Araújo, a quadrilha atuava em duas
diferentes frentes. O grupo fraudava a liberação de aposentadorias para pessoas
que ainda não tinha direito ao benefício, e suspendia, indevidamente, o
desconto nas parcelas de empréstimos consignados, para que os pedidos fossem
refeitos.
"Os envolvidos no esquema modificavam
dados como datas de nascimento e tempos de contribuição, para que os
beneficiários tivessem direito à aposentadoria, mesmo fora do prazo. Em troca,
as pessoas pagavam pelo serviço. O outro crime que era praticado é a chamada
'ciranda dos consignados'. A pessoa fazia o empréstimo consignado e depois
entrava com uma ação para suspender o desconto da dívida na folha de pagamento
para desbloquear a chamada 'margem consignável'. Com isso, uma única pessoa
poderia realizar vários empréstimos. Uma delas conseguiu R$ 600 mil",
explicou a investigadora federal.
A delegada Adriana Araújo acrescentou que
um dos suspeitos era responsável por captar clientes para realizar os
empréstimos. Ele seria um espécide de despachante, que levava os possíveis
beneficiários às agências para os outros envolvidos. No fim, cada um recebia
sua parte adquirida através do negócio ilícito.
Prejuízos
A chefe da Força-Tarefa Previdenciária apontou que o grupo vinha sendo
investigado desde 2012. Neste tempo, o prejuízo sofrido pelos cofres públicos
foi de aproximadamente R$ 5 milhões. A investigadora acrescentou que, caso
continuasse ativo, o esquema poderia ter gerado um prejuízo maior que R$ 15
milhões.
A Polícia Federal afirmou que as
investigações deverão ser continuadas para tentar identificar outros envolvidos
nas fraudes. Os três homens apontados como mentores do esquema foram liberados
após prestarem depoimento.
Os envolvidos responderão, na medida de
suas participações, pelos crimes de estelionato previdenciário, formação de
quadrilha, falsificação de documento público, uso de documento falso e inserção
de dados falsos em sistema de informações, com penas que variam de um a 12 anos
de reclusão.
Fonte:
G1-CE