Uma reunião de quase três horas na sede da CBF, no Rio de Janeiro, entre
diretores e o técnico Tite não terminou em acordo. Segundo a diretoria de
comunicação da entidade, as duas partes apenas tiveram uma conversa inicial
sobre a sucessão de Dunga no comando da seleção brasileira e vão retomar o
contato em breve, ainda sem data definida. A definição pode vir nesta quarta. O
técnico Dunga foi demitido após o fracasso da seleção brasileira na Copa
América. A despedida do técnico gaúcho da equipe aconteceu após a derrota, por
1 x 0, para o Peru.
Também nesta quarta-feira o técnico da
seleção olímpica, Rogério Micale, ficará encarregado de apresentar a lista dos
35 pré-convocados para a disputa dos Jogos do Rio, a partir de agosto. Ainda
não está definido se é ele quem comandar a equipe durante o torneio. A reunião
começou horas após a CBF implodir toda a comissão técnica da seleção. Às 15h, a
entidade anunciara que o técnico Dunga, o coordenador de seleções, Gilmar
Rinaldi e toda a comissão técnica estavam dispensados. Naquele momento, Tite,
que já havia se reunido com o presidente Roberto de Andrade, ainda comandava um
treino do Corinthians e conversava com todo o elenco no centro do gramado do
CT.
O técnico deixou o centro de
treinamento do Corinthians por volta das 18h30 e viajou ao Rio de Janeiro para
um encontro com Del Nero, em jatinho da CBF. O auxiliar Cleber Xavier estava
junto. A dupla chegou à sede da entidade às 20h50 e se reuniu com o cartola
para definir os detalhes do contrato. Tite quer trabalhar com sua comissão
técnica e gostaria de contar com um profissional de confiança entre ele e o
presidente da CBF.
Não havia multa contratual que
impedisse o acerto com a CBF e o Corinthians também não dificultou a saída do
treinador mais vitorioso de sua história. O clube já analisa nomes para substituí-lo.
Tite, que já rejeitara um convite, entende que este é o seu momento de assumir
a seleção. Ele considera que o Campeonato Brasileiro está apenas começando e
que não prejudica o clube ao aceitar comandar a seleção. Em 2015, porém, ele
assinou um manifesto pedindo a renúncia de Del Nero da presidente da CBF. Esse
manifesto havia sido organizado pelo movimento Bom Senso FC.
DEMISSÃO
A decisão de demitir Dunga foi de Del
Nero, que passou o dia recluso em seu gabinete, no terceiro andar. “Os
resultados não vieram, e eu entendo a posição do presidente, trocando a
comissão técnica toda. Apesar de eu ser mais da parte administrativa, eu sou o
chefe da comissão e tenho essa responsabilidade”, afirmou Gilmar Rinaldi logo
após o encontro.
Rinaldi procurou demonstrar
resignação, mas não conseguiu esconder o semblante de abatimento. Mesmo assim,
agradeceu o dirigente em dois momentos. “O presidente Marco Polo é a pessoa por
quem eu sempre vou ser grato pela oportunidade que me deu de mais uma vez
servir a seleção brasileira”, disse.
Dunga, por sua vez, evitou a imprensa,
tanto no desembarque em São Paulo, pela manhã, quanto ao chegar no Rio de Janeiro.
Ele deixou a sede da CBF da mesma forma como chegou, pela garagem.
Desde que assumiu a equipe pela
segunda vez, em julho de 2014, Dunga apresentou desempenho invejável em
partidas amistosas e pífio em jogos oficiais. Ele comandou o time em 13 amistosos
(se considerarmos o Superclássico das Américas, em 2015), vencendo todos. Mas,
quando os jogos valiam os três pontos, o desempenho foi de apenas 54%. Foram
seis vitórias em 14 partidas, além de cinco empates e três derrotas.
A última derrota veio no domingo,
diante do Peru, que causou a eliminação do Brasil ainda na primeira fase da
Copa América. Foi o pior desempenho desde 1987.
O fraco retrospecto em partidas
oficiais também deixou a seleção em sexto lugar nas Eliminatórias – fora,
portanto, da zona de classificação à Copa da Rússia. Cabe agora a Tite
recolocar o time no caminho do Mundial de 2018.
Fonte: Ceará Agora