O ex-ministro da
Fazenda e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, disse nesta sexta-feira, 22, no
evento Brazil Conference, promovido pela Universidade Harvard e o Massachusetts
Institute of Technology (MIT), que o sistema político brasileiro está em colapso.
Segundo ele, o êxito civilizatório de uma nação depende da obra política, que
coordena o desenvolvimento, mas no Brasil hoje existe um vácuo de poder.
“Esse vácuo é
substituído por interesses pessoais, um movimento de ascensão pentecostal e
ladroeira. Eduardo Cunha não virou presidente da Câmara – sendo o bandido que é
– por acaso. Ele comprou 250 deputados”, comentou Ciro. Ele também criticou o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em 1998 abandonou uma agenda de
reformas estruturantes em troca da mudança na Constituição para autorizar sua
reeleição.
Sobre o
vice-presidente Michel Temer, Ciro afirmou que o mesmo estaria “absoluta e
indissociavelmente” ligado a Eduardo Cunha. “Nesta altura, o Temer está
calculando como se livrar deste trambolho. E não tem a menor autonomia para se
livrar, porque se o Cunha um dia for preso – e eu acho que ele vai-, será a
maior delação premiada da história da humanidade, leva o Michel Temer e mais
250 deputados”, criticou.
Segundo Ciro, por
detrás do êxito civilizatório de uma nação existem três elementos: alto nível
de formação bruta de capital, “que é consequência de arranjos institucionais
que a política faz”; coordenação estratégica entre governos empoderados,
empreendedores em consenso com essa visão e universidades comprometidas a
construir respostas; e investimento em formação de pessoal.
O ex-governador
comentou que a recente melhora na balança comercial do Brasil ocorre apenas em
função da recessão, mas o problema nas contas externas é estrutural. “Nosso
déficit na balança comercial de manufaturados já está em US$ 110 bilhões. A
gente foi adiando o confronto desse problema, atenuando a percepção da
catástrofe, em função de um ciclo positivo de preços de commodities”, explicou.
Segundo ele, hoje
esse superciclo das commodities acabou e isso afeta a economia brasileira,
independentemente de quem seja o presidente. “Hoje, a produção do pré-sal custa
US$ 41 o barril e nós estamos vendendo a US$ 30. Isso é real, não adianta dizer
que é culpa de Dilma, de Lula”, comentou.
Com Estadão.
Fonte: Ceará Agora