Paris, 22 Abr 2016 (AFP)
- Dois satélites serão lançados nesta sexta-feira por um foguete russo Soyuz da
base da Guiana francesa para realizar duas ambiciosas missões para a Europa:
investigar a Terra e desafiar um princípio da teoria de Einstein.
O lançamento do Centro
Espacial guianês está previsto para as 18H02 locais, horário de Kourou (18H02
de Brasília).
O satélite europeu
Sentinel-1B é um irmão gêmeo do Sentinel-1A, lançado há dois anos. Equipados
cada um com um radar, aportarão imagens da superfície da Terra dia e noite,
sejam quais forem as condições meteorológicas.
Os dados do Sentinel-1A
já começaram a ser explorados.
O satélite aporta imagens
de mares e oceanos para elaborar mapas dos gelos ou detectar eventuais
vazamentos de hidrocarbonetos.
Permite observar, ainda,
usos do solo na Terra e flagrar deslizamentos de terrenos.
A missão permitirá,
ainda, uma reação mais rápida a inundações e terremotos.
Assim que o Sentinel-1B
estiver em órbita, a uma altitude de 686 km, o satélite investigará cada região
da Terra a cada seis dias.
Esta missão faz parte do
ambicioso programa Copérnico, da União Europeia, para a vigilância ambiental.
Inclui vários tipos de satélites Sentinel, que funcionarão em pares.
A União Europeia e a
Agência Espacial Europeia destinaram 5 bilhões de euros ao financiamento deste
tipo de satélites e seu lançamento ao longo de 20 anos.
Microscope ou a arte da
queda livre O Soyuz também lançará ao espaço um microssatélite francês
Microscope, com o qual se espera encontrar uma falha na teoria da relatividade
elaborada por Albert Einstein há um século.
O Microscope está
encarregado de analisar no vácuo e no espaço a universalidade da queda livre
com uma precisão cem vezes maior do que na Terra.
Microscope é o acrônimo
em francês de Micro-Satellite à traînée Compensée pour l'Observation du
Principe d'Equivalence, ou Micro-Satélite com arrastro controlado para a
Observação do Princípio de Equivalência (em tradução livre).
O objetivo é verificar o
Princípio de Equivalência entre a gravitação e a aceleração, com base no qual
Einstein construiu sua teoria. O Microscope estudará o movimento relativo de
dois corpos, realizando uma queda livre a mais perfeita possível.
Em Terra, o princípio de
equivalência foi verificado com um grau de precisão relativa da ordem do 13º
decimal. O Microscope conta ir até o 15º decimal, ou seja, a relação da massa
de uma mosca pousada na ponte de um petroleiro de grande porte com 500.000
toneladas.
"Se o Microscope
encontrar uma violação do Princípio da Equivalência, será um momento muito
importante na evolução da física", uma vez que "saberemos que a
teoria da relatividade de Einstein não é uma descrição completa da gravitação,
mas há forças que contribuem para ela", explica o físico francês Thibault
Damour.
O Microscope, que tem
massa de 300 quilos, será posto em órbita a uma altitude de 711 km.
O foguete russo levará
também três "Cube-Sats", nanossatélites em forma de cubo criados por
estudantes europeus no âmbito do programa "Fly Your Satellite", da
agência europeia, que tem como objetivo incentivar as vocações científicas.
Fonte: Bol