terça-feira, 26 de abril de 2016

Grupo de estudantes cearenses vence prêmio de arquitetura em São Paulo

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    Os fortalezenses têm abandonado o carro e adotado, com maior frequência, o uso de veículos não motorizados de transporte, tais como bicicletas e skates, para transporte diário. Tal mudança no comportamento das pessoas não se limita apenas à nossa cidade, mas, também, outros grandes centros urbanos do país e do mundo.
Esse novo modelo de transporte foi discutido no 2º Prêmio do Curso de representação gráfica Cura, de São Paulo. Partindo da pergunta “Como as cidades têm tratado o tema das transposições?”, os 76 grupos, de 19 estado diferentes, propuseram saídas para o modelo de transporte brasileiro que ainda privilegia pouco os pedestres e veículos não motorizados no Brasil. 
E foi um grupo de quatro estudantes cearense que levou o 1º lugar. Olhando para o Marco Zero de nossa cidade, o Bairro Barra do Ceará, e como a população dali utiliza a ponte José Martins Rodrigues, inaugurada há 18 anos; Macedo Filho, Rafaela Muller, Daniel Benevides e Amira Al Houch tiveram a ideia de criar uma travessia para pedestres e ciclistas em uma passarela pendendo sob a construção.
“O tema do concurso veio em forma da pergunta, provocando e confrontando o modelo de urbanismo rodoviarista predominante, responsável pela criação de desconexões durante os percursos, também chamadas de fraturas urbanas. A atual condição da Ponte José Martins Rodrigues reflete os efeitos desse modelo de planejamento urbano. A partir dessas problemáticas, a proposta surgiu como uma nova opção que não se preocupa apenas em ligar o ponto A ao ponto B, mas com o intuito de tornar essa travessia lúdica e prazerosa de percorrer, além de ser também um espaço de permanência, contemplação e contato com o rio”, explica a equipe.
“Quanto melhores os espaços públicos, mais pessoas nas ruas, o que melhora significativamente a segurança pública e a qualidade de vida da cidade em geral”
Em apenas um mês os quatro jovens tiveram uma reunião com o arquiteto, urbanista e professor da UFC Marcondes Araújo Lima; fizeram uma análise do local, estudaram os elementos físicos da ponte, a demanda de pedestres e ciclistas e as condições atuais da travessia. Além disso, o grupo realizou a produção e o desenho das imagens do projeto. Para eles,a rapidez na realização do projeto se deu por ele já partir de uma estrutura existente, o que garante à construção do projeto a vantagem de ser mais econômico.
“A ideia inicial surgiu a partir da escolha da Barra do Ceará como local de análise e estudo para o trabalho de graduação da Rafaela, e assim a pesquisa se iniciou com o questionamento de como acontece a relação entre os territórios Fortaleza e Caucaia, interligados pelo elemento da Ponte sobre Rio Ceará, e principalmente como as travessias aconteciam. A partir de então somou-se ao desejo do restante da equipe de conceber espaços públicos de qualidade e adequados aos pedestres, cadeirantes, ciclistas e outros modais não-motorizados, utilizando-se de todos esses potenciais latentes”, apontam os estudantes.
E mesmo com pouquíssimo tempo de excussão, o projeto foi escolhido de forma unânime pelo júri do concurso composto por Lizete Rubano, Marina Grinover, Mario Figueroa, Marta Moreira, Pedro Vada e Romullo Baratto. Na justificativa da escolha do grupo cearense, os jurados apontaram como ponto determinante a escolha da ponte da Barra do Ceará, apontando o arrojo ao escolher um espaço pré-existente para a intervenção.
Criando uma travessia para pedestres e ciclistas que não é apenas acertada do ponto de vista prático, mas também lúdico”, aponta a comissão julgadora. O juri também destacou o sistema construtivo proposto e a clareza na comunicação das ideias e qualidade gráfica dos desenhos entregues.
A premiação do 2° Prêmio Cura aconteceu simultaneamente  à divulgação dos resultados, no dia oito de abril, em São Paulo. E apesar de não terem podido estar presentes na premiação, o grupo de jovens não poderiam estar mais animados com o reconhecimento do trabalho em grupo. Com tantos elogios, é claro que o grupo de estudantes ficou animado em tirar o projeto do papel e ver na prática como a população o utilizaria. “Gostaríamos imensamente de que o projeto fosse posto em prática e pretendemos levar a proposta às secretarias, à Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf), ao Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU) e ao Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), na tentativa de torná-lo possível”, destaca.
Para o grupo, colocar o projeto que desenvolveram juntos seria apenas o começo de uma série de ações necessárias para tornar a cidade mais atraente e acessível a pedestres e veículos não motorizados. “A prefeitura precisa ainda melhorar bastante na questão da qualidade dos espaços públicos e dos passeios, para a melhor caminhabilidade na cidade, já que isso tem uma influência considerável na quantidade de pessoas que optam por se deslocar dessa maneira. E quanto melhores os espaços públicos, mais pessoas nas ruas, o que melhora significativamente a segurança pública e a qualidade de vida da cidade em geral”, finaliza.

Fonte: Tribuna do Ceará
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