O
bispo da diocese de Crato, no Ceará, dom Fernando Panico, divulgou neste
domingo, que o Padre Cícero Romão Batista foi perdoado pelo Vaticano das
punições impostas pela igreja Católica entre 1892 a 1916. A reconciliação é um
passo definitivo para a reabilitação de padre Cícero na Igreja Católica.
"Hoje, por ocasião da abertura solene da Porta Santa da
Misericórdia nesta Catedral de Nossa Senhora da Penha, quero anunciar com
alegria, à querida Diocese de Crato e aos romeiros e romeiras do Juazeiro do
Norte, um gesto concreto de misericórdia, de atenção e de carinho por parte do
Papa Francisco para nós: a igreja Católica se reconcilia historicamente com o
padre Cícero Romão Batista", anunciou o bispo.
Segundo a carta, assinada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário
de Estado do Vaticano, “a presente mensagem foi redigida por expressa vontade
de Sua Santidade o Papa Francisco, na esperança de que Vossa Excelência
Reverendíssima não deixará de apresentar à sua Diocese e aos romeiros do Padre
Cícero a autentica interpretação da mesma, procurando por todos os meios apoiar
e promover a unidade de todos na mais autentica comunhão eclesial e na dinâmica
de uma evangelização que dê sempre e de maneira explicita o lugar central a
Cristo, principio e meta da História”.
"É mais que uma reconciliação. É um pedido de perdão da
igreja pelo o que aconteceu o sacerdote brasileiro", afirmou Armando
Rafael, assessor de comunicação de dom Fernando Panico.
Na mensagem enviada à diocese do Crato, o papa Francisco
exalta várias virtudes de evangelizador de padre Cícero, fundador de Juazeiro
do Norte e primeiro prefeito do município.
Na correspondência constam vários tópicos, dos quais alguns
são reproduzidos, a seguir, textualmente:
“Mas é sempre possível, com a distância do tempo e o evoluir
das diversas circunstâncias, reavaliar e apreciar as várias dimensões que
marcaram a ação do Padre Cícero como sacerdote e, deixando à margem os pontos
mais controversos, por em evidência aspectos positivos de sua vida e figura,
tal como é atualmente percebida pelos fiéis”.
“É inegável que o Padre Cícero Romão Batista, no arco de sua
existência, viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo e, por isso mesmo,
desde o início, foi compreendido e amado por este mesmo povo”.
“Deixou marcas profundas no povo nordestino a intensa devoção
do Padre Cícero à Virgem Maria” no seu título de “Mãe das Dores e das Candeias”
(...) Como não reconhecer, Dom Fernando, na devoção simples e arraigada destes
romeiros, o sentido consciente de pertença à Igreja Católica, que tem na Mãe de
Jesus Cristo um dos seus elementos mais característicos?
“A grande romaria do dia de Finados, iniciada pelo Padre
Cícero, transmite a dimensão escatológica da existência humana. Pois, como
afirma o documento de Aparecida, Nossos povos (...) têm sede de vida e
felicidade em Cristo. (...)
“Não deixa de chamar a atenção o fato de que estes romeiros,
desde então, sentindo-se acolhidos e tendo experimentado, através da pessoa do
sacerdote, a própria misericórdia de Deus, com ele estabeleceram – e continuam
estabelecendo no presente – uma relação de intimidade, chamando-o na carinhosa
linguagem popular nordestina de “padim”, ou seja, considerando-o como um
verdadeiro padrinho de batismo, investido da missão de acompanhá-los e de
ajuda-los na vivência da sua fé”.
“No momento em que a Igreja inteira é convidada pelo Papa
Francisco a uma atitude de saída, ao encontro das periferias existenciais, a
atitude do Padre Cícero em acolher a todos, especialmente aos pobres e
sofredores, aconselhando-os e abençoando-os, constitui sem dúvida, um sinal
importante e atual”.
“O afeto popular que cerca a figura do Padre Cícero pode
constituir um alicerce forte para a solidificação da fé católica no ânimo do
povo nordestino (...). Portanto, é necessário, neste contexto, dirigir nossa
atenção ao Senhor e agradecê-lo por todo o bem que ele suscitou por meio do
Padre Cícero”.
“Assim fazendo, abrem-se inúmeras perspectivas para a
evangelização, na linha desta recomendação do Documento de Aparecida; “Deve-se
dar catequese apropriada que acompanhe a fé já presente na religiosidade
popular”. (Documento de Aparecida, 300).
“Ao mesmo tempo que me desempenho da honra de transmitir uma
fraterna saudação do Santo Padre a todo o povo fiel do sertão do Ceará, com os
seus Pastores, bendizendo a Deus pelos luminosos frutos de santidade que a
semente do Evangelho faz brotar nestas terras abençoadas, valho-me do ensejo
para lhe testemunhar minha fraterna estima e me confirmar de Vossa Excelência
Reverendíssima devotíssimo no Senhor".
Fonte: Ceará 247.













