O golpe contra a presidente Dilma Rousseff sofre um duro baque
neste sábado.
Em editorial, o jornal O Globo, comandado por
João Roberto Marinho, pede o afastamento sumário de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da
presidência da Câmara dos Deputados.
De acordo com o texto, "ultrapassou todos os limites a
manipulação que o presidente da Câmara faz do regimento, com o uso de seu
poder, para atrapalhar a apreciação de processo contra ele".
Cobrança da Globo, um dos centros de poder no Brasil, pode
acelerar decisões da procuradoria-geral da República e do Supremo Tribunal
Federal, sobre seu afastamento.
"Seu tempo acabou",
diz o jornal.
Sem Cunha, o golpe estimulado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) e
pelo PSDB perde força e intensidade.
Leia abaixo:
Venceu o prazo de validade de Eduardo Cunha
Ultrapassou todos os limites a manipulação que
o presidente da Câmara faz do regimento, com o uso de seu poder, para
atrapalhar a apreciação de processo contra ele
- 12/12/2015
A Câmara dos Deputados, assim como o Senado, é
uma instituição secular, fundada no Império, dirigida àquela época por condes e
viscondes. Na República, sua Mesa foi frequentada por nomes que se encontram
nos compêndios de História do Brasil: Flores da Cunha, Pedro Aleixo, Ulysses e
outros.
Em tempos recentes, houve a bizarrice de Severino Cavalcanti,
cassado por receber um “mensalinho” de R$ 10 mil de um concessionário de
restaurante na Câmara. Ungido pela política fisiológica do PT de literalmente
comprar apoio no Congresso, Severino queria controlar a diretoria da Petrobras
que “fura poço”. Um parêntese: ele talvez não soubesse, mas o lulopetismo já
havia dominado a direção da estatal e passara a saqueá-la.
No campo do exotismo — mas em outro sentido —,
o atual presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), escala índices de rejeição na
opinião pública, ao manejar com frieza o poder do cargo e o conhecimento que
tem das regras da Casa, para sabotar a tramitação no Conselho de Ética de um
processo instaurado contra ele por falta de decoro.
Às favas com a objetividade dos fatos. Cunha, citado na Lava-Jato
como beneficiário de propinas geradas na Petrobras, compareceu, por vontade
própria, à última CPI da Petrobras e garantiu que não tinha contas escondidas
em bancos suíços.
O MP suíço o desmentiu, ao
enviar dados de contas suas e família à Procuradoria-Geral da República.
Configurado o perjúrio, o PSOL e a Rede encaminharam denúncia ao Conselho de
Ética. Aberto o processo, Cunha, aliados e tropa de choque fazem de tudo para
impedir o funcionamento do Conselho, com a intenção de atrasar ao máximo os
trabalhos e jogá-los para 2016.
Inviabilizado um acordo com o
governo — mais por resistência de petistas que se recusaram a votar em favor
dele —, para que o deputado escape da cassação, os embates no Conselho passaram
a reproduzir cenas à altura de câmaras de vereadores do mais longínquo sertão.
Tapas, gritaria, intervenções protelatórias de nível rasteiro.
Mesmo tucanos que estavam
condescendentes com Eduardo Cunha, para que ele aceitasse o pedido de
impeachment de Dilma — arma que o deputado usou para chantagear o Planalto —, o
abandonaram. Ainda antes de ele instaurar o processo do impedimento — dentro
das prerrogativas do presidente da Câmara, seja ele quem for.
Aberto o processo, passaram-se 38 dias e oito
reuniões, até a de quinta-feira, sem que se conseguisse votar um relatório,
diante de um atônito presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA). O
primeiro relator, Fausto Pinato (PRB-SP), contestado pelo grupo de Cunha, por
se declarar a favor do prosseguimento do processo, disse ter sido ameaçado, e
terminou substituído por Marcos Rogério (PDT-RO). Este promete ler seu
relatório, também contra Cunha, na terça-feira. Mas nada é certo.
O presidente da Câmara deveria renunciar ao cargo, para se dedicar
à sua defesa, sem atrapalhar os trabalhos da Casa. Seu tempo acabou.
Fonte:
Brasil
247.













