Três
entre os principais líderes do PSDB, os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra
(SP) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fizeram chegar ao
vice-presidente Michel Temer que o impeachment da presidente Dilma Rousseff
(PT) só prosperará na condição de o PMDB assumir a liderança da manobra
golpista. O recado da cúpula tucana, segundo a Folha, foi enviado a Temer ainda
na semana passada, às vésperas da viagem à Rússia.
Aécio, que falou com ao telefone no dia 11 de setembro,
garante que o assunto da conversa foi projeto de lei que permite trocas de
partido antes das eleições municipais de 2016. No mesmo dia, Temer recebeu
Serra em sua casa, em São Paulo. Amigos, segundo Serra o tema da conversa,
“genérica”, foi a situação econômica e a crise política.
Murista, o PSDB não quer assumir a dianteira de um processo
antidemocrático que resultaria no afastamento de um dirigente maior legitimado
pelas urnas. O partido só deve ir para a linha de frente se for chamado a
debater publicamente os rumos do país. O governador Geraldo Alckmin (SP), outra
liderança influente do partido, também prefere a cautela, segundo aliados. Ele
teme que, se o partido não calcular seus movimentos com cuidado, acabe dando à
presidente Dilma a chance de se apresentar como vítima diante da crise.
"Se nos convidarem para conversar às claras, à luz do
dia, não há como negar. Mas não vou, na calada da noite, fazer conversas sobre
o desfecho da crise", teria dito Aécio, ainda segundo a Folha, que cita um
aliado do presidente do PSDB, derrotado nas urnas de 2014. Ainda Segundo esse
aliado, Aécio o PMDB terá o apoio do PSDB depois que fizer um pronunciamento
firme de que a nação precisa de uma nova fase.
"Se ele fizer isso, eu e o Fernando Henrique seremos os
primeiros a sentar na mesa, porque não jogamos contra o país", afirmou
Aécio, segundo o aliado. Serra teria opinião idêntica.
A tese da cúpula tucana de transferir os desgastes do
golpismo ao PMDB vem orientando a atuação da oposição, especialmente de
deputados mais jovens que participam ativamente do grupo que trabalha para que
a Câmara aceite discutir um pedido de impeachment.
O PMDB, por seu turno, não crê em nenhum movimento mais
incisivo de Temer: "Ele chegou onde chegou sendo cauteloso e não vai
mudar", diz um aliado, segundo a Folha. Temer não quer a pecha de
conspirador ou golpista e estimula aliados a cobrar do PSDB esse protagonismo.
Aécio
pretende manter o discurso de que o impeachment, mesmo legal, exige cautela e
base jurídica.
Um parlamentar do PSDB define o que pensa a cúpula:
"Eles não podem esperar que o Michel, sem voto, com o fantasma da Lava
Jato rondando o PMDB, ganhe a cadeira sem botar as caras". O DEM também
pensa assim.
Fonte:
Brasil
247.













