Escolas públicas cearenses com as melhores médias no
Enem são militares ou de ensino profissional, com índices socioeconômicos médio
e alto
Envolvimento entre escola, professores e família.
Estratégias de reforço da aprendizagem. Boa estrutura física. Construção de
vínculos. Iniciativa. Para os que estudam ou ensinam nas escolas públicas
cearenses, esses são os principais fatores que justificam os bons resultados
expostos pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014. Rendimento escolar,
permanência, formação adequada dos docentes e condições socioeconômicas são
outros indicadores que também ajudam a analisar como vão – e quais diferenças
exibem - as escolas da rede pública de ensino.
As escolas públicas do Ceará com as melhores médias
no exame são militares ou de ensino profissional. Todas exibem índices
socioeconômicos entre médio e alto. Entre as escolas com menores médias, todos
os índices socioeconômicos são baixos e nenhuma possui porcentagem de formação
docente (que indica a proporção de professores com formação adequada) acima de
60%.
Bons índices
Como a escola pública consegue alcançar bons
resultados? “A gente tem alunos com condição socioeconômica baixa, que precisam
da formação profissional para se empregar. Isso traz motivação para aprender, e
muitos acabam entrando na universidade”, responde a professora da Escola
Estadual de Ensino Profissional Padre João Bosco de Lima, de Mauriti, na Região
do Cariri. A instituição teve a melhor média do Brasil no Enem quando
considerados os critérios de ser de grande porte (mais de 90 alunos), ter
permanência dos alunos acima de 80% (percentual de estudantes que cursaram todo
o ensino médio na escola) e atender jovens com renda familiar de até dois
salários mínimos.
A segunda colocada do ranking nacional é a Escola de
Ensino Fundamental e Médio Deputado Cesário Barreto Lima, em Taperuaba,
distrito de Sobral, na Região Norte. Amanda Ávila, 18, fez o Enem em 2014 antes
de deixar a escola e seguir para duas graduações (em Direito e Ciências
Contábeis). “A monitoria, onde você aprende e ensina, as aulas de reforço e as
avaliações em forma de simulados fizeram a diferença no rendimento”, avaliou.
Para o diretor comandante do Colégio Militar do
Corpo de Bombeiros, coronel Ronald Bezerra, a existência do processo seletivo
para o ingresso na instituição é o primeiro diferencial de qualidade. “Os
alunos já vêm com uma base”, contou.
Para o aluno do Colégio Militar de Fortaleza, Davi
Oliveira, 17, a disciplina, o respeito aos professores e a valorização do
mérito ajudam o aluno a estudar mais. “A gente se espelha em bons exemplos”,
disse. A partir da média no Enem de 2014, de 725,8, Davi poderia ter ingressado
no curso de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), mesmo ainda estando
no primeiro ano do ensino médio.
Fonte: O Povo