É
bom que toda corrupção seja investigada, seja lá quem forem os investigados. É
bom também que ninguém seja considerado culpado só com base em investigações. E
é bom que juízes, promotores e policiais não escolham os investigados com base
em suas preferências políticas e ideológicas. Se for assim, e se a lei estiver
sendo cumprida nas investigações, tudo bem. Mas se não for, estamos todos
sujeitos ao arbítrio e à prepotência dos que têm a prerrogativa de investigar e
de órgãos de imprensa interessados em fazer prevalecer suas linhas
político-editoriais.
Não há em Brasília, pelo menos entre os que conhecem bem o
poder, ninguém que imagine a corrupção limitada a quatro ou cinco senadores,
alguns deputados, determinados ministros e uns poucos juízes. Ou a um punhado
de servidores públicos que lidam com compras, contratos e pagamentos. Todos
sabem que em Brasília – e de resto em todo o país – a corrupção é generalizada
há muitos e muitos anos. Nos três poderes e nas três instâncias: federal,
estadual e municipal.
Não é exagero, não. Infelizmente. No Congresso vende-se tudo:
votos, pareceres, assinaturas para convocar e para desconvocar, emendas. Não
são poucos os parlamentares que forjam notas para comprovar despesas da absurda
verba indenizatória e que exigem de funcionários que devolvam parte de seus
salários. O Judiciário também coloca alguns de seus produtos à venda. E no
Executivo a corrupção corre solta, especialmente naqueles ministérios entregues
a partidos que se parecem mais com empresas em busca de lucros.
E onde estão as provas? Algumas já apareceram e foram
sepultadas por investigações mal feitas, por procuradores engavetadores e por
juízes benevolentes. Outras estão à disposição da Justiça, em mãos de
magistrados que parecem estar esperando o tempo passar. Poucas já levaram os
acusados a julgamento e à prisão. E, em sentido inverso, já houve também
condenados sem provas.
Por isso, a investigação e a obtenção de provas para condenar
corruptos e corruptores deve ser sempre bem recebida. Nenhuma investigação deve
ser impedida, se estiver de acordo com a lei. Mas não deve se limitar a alguns
escolhidos por critérios pessoais e políticos. Tem de ser ampla, geral e
irrestrita, e gente para ser investigada não falta.
Também é importante ter em conta que investigação é apuração,
não julgamento. A denúncia tem de ser apresentada à Justiça e tem de haver
julgamento para que alguém seja considerado culpado. É verdade que muitas vezes
a Justiça também exerce seu poder de selecionar o que deve ser julgado logo e o
que deve ser protelado, mas é quem tem a palavra final.
De qualquer maneira, que o Brasil está precisando de uma boa
faxina, está.
Fonte:
Brasil
247.













