Bandidos comemoram
e se exibem com armas no Facebook após matarem sargento com tiro no peito no
Morro do Zinco, no Estácio, bairro com UPP há quatro anos
Os confrontos diários nas
favelas classificadas pelo governo fluminense como pacificadas não param, e os
criminosos, a cada dia, parecem se sentir mais à vontade. Na manhã desta
quinta-feira, o sargento Tarsis Doria Noia, de 40 anos, lotado na Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP) do São Carlos, foi emboscado e baleado no peito quando
chegava a uma padaria para tomar café da manhã, no Morro do Zinco, que integra
o complexo de favelas do Estácio, no centro da cidade. Levado para o Hospital
Central da Polícia Militar, ele não resistiu. Sua morte gerou uma enxurrada de
comentários e até comemorações de bandidos nas redes sociais.
Na página Morro do São Carlos Tudo A, no Facebook, o
recado desafiador foi direto: "UPP não ronca aqui não. Vem FDP (sic).
Agora vai morrer mais um. Nossa tropa tá na pista, a gente tá cheio de
ódio". Somente neste mês de junho, este foi o quarto policial atingido por
tiros em ataques de traficantes da região. Nesta quarta, durante intenso
tiroteio no vizinho Morro da Mineira, o soldado Luiz Felipe Marçano foi ferido
no braço e outros dois moradores atingidos por balas perdidas. Um outro
internauta, se identificado como Dayvidson Mauricio, postou a foto do policial
morto, xingou e desafiou a polícia: "Não tenho nenhum medo de polícia. Qualquer
coisa rastreia meu facebook e vem atrás de mim. Vem, neném. A bala come
firme".
Na página usada pelos traficantes, eles posam para fotos
andando tranquilamente pelo Complexo de São Carlos com pistolas, granadas,
metralhadoras. Numa das legendas, um criminoso, de costas, levanta a mão com o
sinal do L (símbolo da facção Amigos dos Amigos) e ironiza: "Paz no
visual". Em outra imagem, um traficante esconde o rosto com o boné e exibe
seu armamento. Há imagens mostrando ainda carregamento de maconha ainda
prensada e pacotes de dinheiro obtido com a venda de drogas.
O sargento Noia foi o sexto policial assassinado dentro
de uma UPP somente este ano e o 22º desde que o projeto foi implantado, em
dezembro de 2008. No total, 203 policiais foram baleados nas áreas consideradas
pacificadas pela secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro - 62 dos
casos ocorreram em 2015.
Fonte: Veja