A
gigante JBS, a maior processadora de carnes do mundo, provou do seu
próprio veneno. Dona da premiada estratégia de marketing que usou milhões e
celebridades para se firmar como marca e aumentar preços, a empresa,
responsável pela Friboi e Seara, se viu acuada por uma campanha virtual criada
por seus funcionários para pressionar por benefícios e teve de ceder.
No
melhor estilo Davi contra Golias, os líderes sindicais usaram o mote
do comercial “Carne tem nome – Friboi”, estrelado ator Tony Ramos e
reconhecido com os prêmios Marketing Best e Top of Minds, para criar o vídeo Exploração de trabalhador tem nome.
O objetivo: provocar. Nele, o açougueiro tenta convencer uma cliente a não
comprar a carne do “famoso ator”. “Gastamos menos de 20.000 reais com o vídeo.
Não tínhamos armas para combater esse gigante. Só podíamos chamar sua atenção”,
explicou o presidente da Confederação dos Trabalhadores na Indústria da
Alimentação (Contac), Siderlei da Silva de Oliveira.
A
estratégia dos sindicalistas foi postar o vídeo no YouTube e
difundi-lo por meio do aplicativo de mensagens para celular Whatsapp.
Viralizou. “Eu mandei o vídeo para um grupo de 20 amigos. Em um mês recebi o
mesmo vídeo dezoito vezes de pessoas que não eram desse grupo”, diz João Carlos
Batista, um dos sindicalistas da indústria de alimentação no Paraná. Na
Internet, foram poucas visualizações, cerca de 1.300, mas no aplicativo essa
mensuração não é possível fazer.
De todo modo, a JBS reagiu. Três meses depois de a esquete
ser divulgada nas redes sociais, a gigante se reuniu com entidades que
representam trabalhadores e decidiu atender uma de suas principais
reivindicações, a de reduzir o valor do plano de saúde de 111 reais para 45
reais ao mês. Na ponta do lápis, o custo para a empresa cresceu cerca de 3,6
milhões de reais mensais, ou 43,5 milhões ao ano. É menos do que a empresa doou
nas eleições do ano passado.
Segundo registros do Tribunal Superior Eleitoral, a
JBS despejou 366,8 milhões de reais em campanhas políticas de dezenas de
candidatos – entre os beneficiados estão a presidenta Dilma
Rousseff (PT), o senador oposicionista Antonio Anastasia (PSDB de Minas
Gerais) e os governadores José Ivo Sartori (PMDB do Rio Grande do Sul), Beto
Richa (PSDB do Paraná) e Camilo Santana (PT do Ceará).
Fonte: Diário do centro do Mundo.













