Laudo da PF aponta
que empreiteira repassou R$ 3 mi ao Instituto Lula e R$ 1,527 mi para a empresa
de palestras do petista entre 2011 e 2013
Duas empresas
vinculadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberam, entre 2011 e
2013, 4,53 milhões de reais da empreiteira Camargo Corrêa, gigante da
construção e um dos alvos da Operação Lava Jato, que desmantelou uma quadrilha
que atuava sangrando os cofres da Petrobras. Laudo da Polícia Federal registra
que a empreiteira pagou três parcelas de 1 milhão de reais cada ao Instituto
Lula entre dezembro de 2011 e dezembro de 2013 e mais 1,527 milhão de reais
para a LILS Palestras Eventos e Publicidade, também do petista, entre setembro
de 2011 e julho de 2013.
É a primeira vez que os negócios do
ex-presidente Lula com a Camargo Corrêa aparecem nos autos da Operação Lava
Jato, após um amplo levantamento da Polícia Federal sobre as finanças da
construtora. Dois executivos da companhia, Dalton Avancini e Eduardo Leite, já
aceitaram fazer acordos de delação premiada e confirmaram que foram pagos pela
empreiteira, ao longo de seis anos, 110 milhões de reais em propinas na
Petrobras para os ex-diretores de Serviços, Renato Duque, e de Abastecimento,
Paulo Roberto Costa. Em sua delação premiada, Eduardo Leite afirmou que
"entre 2007 e 2012 a construtora pagou 110 milhões de reais em propinas,
sendo 63 milhões de reais para a Diretoria de Serviços e 47 milhões de reais
para a Diretoria de Abastecimento".
No levantamento feito pela Polícia Federal na
contabilidade da Camargo Corrêa, os investigadores que atuam na Lava Jato
conseguiram mapear impressionantes 183,79 milhões de reais em doações "de
cunho político", entre 2008 e 2013, e repasses a partidos políticos e
candidatos das mais diversas legendas. Foram detectados ainda o envio de 67
milhões de reais para o lobista Julio Camargo, empresário que também fez acordo
de delação premiada e confirmou que o lobista Fernando Soares, conhecido como
Fernando Baiano e operador do PMDB no escândalo do petróleo, recebeu 40 milhões
de dólares em propina em uma transação envolvendo a compra de navios-sonda da
Samsung Heavy Industries.
Há ainda repasses para a empresa Costa Global,
consultoria de fachada utilizada pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa para receber propina e pagamentos a consultorias ligadas a Pedro Paulo
Leoni Ramos, ex-ministro do governo de Fernando Collor de Mello e apontado como
parceiro do atual senador alagoano no esquema criminoso na Petrobras.
Em um cálculo que a Polícia Federal considera como
"conservador", apenas entre 2008 e 2013 a empreiteira recebeu 2,05
bilhões de reais da Petrobras. Apenas no caso das empresas Treviso e Piemonte,
que também aparecem na triangulação do esquema de pagamento de propina na
Petrobras, a Camargo desembolsou 67,77 milhões de reais, mesmo "não tendo
prestado qualquer serviço", de acordo com a PF.
Fonte: Veja













