Jornal
espanhol destaca principais setores que vão ganhar com os acordos.
O jornal espanhol El
País publicou nesta terça-feira (19/05) um artigo sobre os acordos do Brasil com a China e o que podem representar
na economia dos dois países. “Fazia doze anos que Li Keqiang não vinha ao
Brasil e agora, como primeiro ministro, chega em grande estilo para selar 35
acordos bilionários com o governo Dilma Rousseff. Um dos mais ambiciosos já
havia vazado para a imprensa nos últimos dias: o projeto ferroviário
transcontinental que deve percorrer o Brasil de leste a oeste, atravessar a
cordilheira dos Andes até chegar aos portos peruanos só existe, por ora, como
um "estudo de viabilidade" dos três países. Mas, já está bem
articulado, com um desenho que pretende facilitar a exportação de
matérias-primas do Brasil e do Peru para o mercado chinês. “É uma linha que
sairá do Tocantins, da cidade de Campinorte [ferrovia norte sul] vai passar
pelo Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, segue pelo Estado do Acre, até chegar
ao Peru”, disse Dilma, que prevê ganhos para os produtores com a redução de
custo na logística.
Se este é um projeto embrionário, outros acordos anunciados
na terça-feira, em cerimônia no Palácio do Planalto, trarão ganhos imediatos,
como o fim do embargo à importação de carne brasileira, que vai beneficiar 26
frigoríficos nacionais, e incrementar em 520 milhões de dólares as exportações
brasileiras, que somaram 40 bilhões de dólares no ano passado. Um sorridente
Joesley Batista, dono da JBS, assistiu à cerimônia dos acordos vislumbrando que
a rota chinesa trará mais negócios
para sua empresa.
Outras companhias brasileiras foram
beneficiadas pelos acordos chineses. É o caso da Petrobras que fechou dois
acordos de financiamento, num total de 7 bilhões de dólares, assim como a
mineradora Vale, que assinou memorandos de financiamento de um projeto de
compra de um total de 24 navios de transporte de minério de ferro com duas
estatais chinesas, a Cosco e ao Grupo China Merchants.
Os dois países anunciaram ainda um fundo de
investimentos de 53 bilhões de dólares, do banco estatal ICBC para assegura
investimentos em infraestruturas, que passam por rodovias, ferrovias, linhas de
transmissão para o setor elétrico, e projetos de telecomunicações. O governo
chinês assinou ainda o compromisso de investir em um pólo siderúrgico no Estado
do Maranhão, e reafirmou o compromisso com o investimento na processadora de milho
em Maracaju, no Mato Grosso do Sul, que deve chegar a meio bilhão de dólares.
Keqiang enfatizou que o comércio bilateral,
que foi de 79 bilhões de dólares em 2014, deve chegar rapidamente a 100 bilhões
de dólares. “Num cenário de difícil recuperação mundial, esta cooperação mútua
vai proporcionar o desenvolvimento de economias emergentes, e da economia
mundial”, afirmou o primeiro ministro.
Os dois países assinaram ainda acordos em
diversos setores, como o de Defesa, para o sensoriamento conjunto da Amazônia
visando a sua preservação, e a confirmação da compra de 80% do banco brasileiro
BBM pelo estatal Bank of Communication por 525 milhões de reais.
Outros negócios foram fechados na área de
energia, com acordos na área de energia eólica, além de telefonia, firmado
entre a Telefônica Vivo e a Huawei, este último para melhorar a cobertura
celular no Rio de Janeiro.
Os acordos fazem parte do chamado plano de
ação conjunta 2015-2021 que, segundo Dilma, “inaugura uma etapa superior em
nosso relacionamento”. “Teremos a oportunidade de dialogar com o empresariado
dos dois países sobre o importante papel que exercem nesse processo”, disse a
presidenta Dilma Rousseff , que tem viagem marcada para a China no próximo ano.
A mensagem do líder chinês durante o encontro
deixa claro que a estratégia da potência asiática é buscar estabilidade no
fornecimento dos itens mais demandados pelo seu país, em especial, soja,
minério, açúcar, petróleo e derivados de milho, produtos que o Brasil tem em
abundância. Keqiang não esconde, ainda, o desejo de erguer mais fábricas
chinesas no Brasil em diferentes setores. “Nossa amizade tem uma base sólida e
a cooperação mútua traz benefícios a nossos povos e ao mundo”, afirmou ele
antes de se despedir.
Fonte:
Jornal do Brasil.