terça-feira, 5 de maio de 2015

IMPÉRIO DE SÉRGIO MORO COMEÇA A RUIR: CARECA REAPARECE E CONFIRMA DELAÇÃO FORÇADA.

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Até ontem considerado foragido, o policial federal afastado Jayme Alves de Oliveira Filho, o 'Careca', prestou depoimento à Justiça Federal no Paraná e sugeriu ter sido coagido a falar. Seu depoimento confirma o uso de prisão pelo juiz Sérgio Moro para força as delações premiadas da Operação Lava Jato. De acordo com 'Careca', em meio aos seus depoimentos no ano passado, teve contato com o doleiro Alberto Youssef, que o teria ajudado a "lembrar" dos lugares onde esteve.
"O delegado falou que se eu não prestasse alguma colaboração, iria ficar preso até a audiência, que era o que estava acontecendo. Era praxe. Aí eu falei. Não tinha a menor intenção de ficar preso ali. Eu estava transtornado", relatou. Segundo ele, o delegado Marcio Anselmo disse que "Alberto [Youssef] vai lhe ajudar a fornecer os nomes e tal". "[O delegado] Me forneceu uma carga de caneta, um pedaço de papel (...). Minha cela era ao lado da dele [de Youssef]. Ele falou, 'olha, endereço tal era fulano, era beltrano, sicrano e tal'. E eu fui anotando aquilo mecanicamente", continuou.
Os trechos do depoimento foram publicados pelo jornal Valor Econômico. No ano passado, o policial citou os nomes do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, e do ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia, do PSDB, como beneficiários do esquema investigado pela Lava Jato. Ele então foi solto pelo juiz Sérgio Moro e depois passou a ser considerado fugitivo pela Polícia Federal. Sua aparição depois disso foi no depoimento de ontem em Curitiba.
Leia mais na reportagem da Agência Brasil:
Lava Jato: policial federal investigado diz que teve contato com Youssef

André Richter - O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca, investigado na Operação Lava Jato, disse hoje (4), em depoimento prestado à Justiça Federal em Curitiba, que teve contato com o doleiro Alberto Youssef durante os depoimentos que prestou à Polícia Federal (PF), no ano passado, quando foi preso. Segundo o policial, antes dos depoimentos, Youssef ajudou a "lembrar" em quais locais ele esteve.
Ao juiz federal Sérgio Moro, o policial, que entregava propina a mando do doleiro, afirmou que teve contato com Youssef durante o período em que também ficou preso na Superintendência da PF em Curitiba. Segundo ele, as celas de ambos ficavam lado a lado.
Ao ser questionado pelo juiz se Youssef ditou o depoimento no qual ele citou políticos que teriam recebido propina a mando do doleiro, o investigado respondeu: "Se eu estava com ele [Youssef]. Eu desci na cela com ele. Eu desci lá e ele me passou em tal lugar, foi isso, aquele hotel era de fulano", disse.
Durante o depoimento, o policial afirmou várias vezes que não se lembrava dos termos exatos do depoimento à PF. Ao ser questionado novamente pelo juiz, Alves declarou: "Excelência, isso aí [depoimento a PF] foi dito por mim. Alguma coisa foi pelo Alberto".
Apesar de confirmar algumas entregas de dinheiro, o policial disse que não tinha conhecimento do conteúdo dos pacotes. Ao ser confrontado com uma planilha apreendida com Youssef na qual o nome dele aparece, o investigado disse que não se lembrava de todos os pagamentos.
"Eu declarei [ no depoimento] porque eu iria declarar tudo que ele [Youssef] me falasse. Qualquer coisa que me falasse, eu iria declarar. Minha finalidade era sair de lá [prisão], não estava aguentando aquilo. Na minha concepção, eu não tinha por que estar ali. Eu não sabia da ilicitude", declarou.
Ao responder a uma pergunta feita pela defesa de Youssef, que estava presente na audiência, o policial esclareceu que o doleiro, apesar de ajudar a recordar os fatos, não pediu para ele mentir ou "inventar história" para sair da prisão.
Com base no depoimento de Jayme Alves à Policia Federal no ano passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu abertura de inquérito contra o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) e contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O pedido foi aceito em março pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de ser réu em uma das ações penais oriundas da Lava Jato, o policial federal foi afastado, no ano passado, do cargo por decisão do juiz Sérgio Moro. Ele não assinou acordo de delação premiada.
Fonte: Brasil 247.
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