O anúncio da renúncia de Carlile Lavor
do cargo de secretário da Saúde do Ceará, em função da situação delicada na
qual a área no Estado se encontra, repercutiu entre setores da política,
representantes de entidades médicas e profissionais. A avaliação é de que, além
de problemas relacionados a dificuldades financeiras do Estado, há a
necessidade de ajustes técnicos na Pasta para a melhoria da qualidade do setor,
que passa por uma crise.
A saída de Carlile Lavor
acontece após diversas reportagens do Diário do Nordeste mostrando a condição
caótica da saúde pública no Ceará. As dificuldades no controle de doenças
contagiosas e a precariedade no atendimento aos doentes foram expostos pela publicação.
Ontem, por exemplo, os hospitais de emergência de Fortaleza contabilizavam 373
pacientes atendidos nos corredores, conforme o Sindicato dos Médicos do Ceará.
O presidente da Federação
Brasileira de Hospitais (FBH), Luiz Aramicy Bezerra Pinto, destacou as
qualidades de Lavor, apontando, entretanto, mudanças políticas que podem ter
influenciado na decisão.
"Vejo a questão por dois
pontos de vista: o primeiro é a pessoa de Carlile Lavor, um médico que já havia
passado pelo mesmo cargo, no primeiro mandato de Tasso Jereissati como
governador. Ele conhece bem a área, como profissional e técnico, tendo prestado
grande serviço ao Estado. Por outro lado, as coisas evoluíram muito. Tudo isso
passa por um momento político e comportamental. Em termos de capacidade, ele a
tem para se adequar muito bem à Pasta. Mas o momento político talvez não tenha
sido o melhor", avalia.
Problemas
Já o infectologista que foi
secretário estadual da Saúde por duas vezes, Anastácio Queiroz, ressaltou
problemas na saúde pública que devem ser tratados como prioridades. "Não
posso especular sobre a saída, pois a última vez que estive com Lavor foi em
sua posse como secretário, há quatro meses. Temos questões relevantes, como o
controle das doenças e a assistência aos pacientes. Nota-se que existem
problemas. Eu não tenho detalhes, mas há dificuldades financeiras e de trazer
mais técnicos em saúde realmente qualificados. A Secretaria tem poucos
técnicos, e isso traz uma dificuldade enorme para quem está à frente da Pasta.
É preciso ter pessoas analisando e planejando ações para amenizar as
doenças", analisa.
A secretária de Saúde do Município
de Fortaleza, Socorro Martins, não quis comentar a renúncia até que o Governo
fizesse o anúncio oficial.
Ao Diário do Nordeste, afirmou ter
tentado entrar em contato por diversas vezes com Lavor durante a tarde de
ontem, porém não foi atendida.
Hoje, o ministro da Saúde, Arthur
Chioro, estará em Fortaleza reunindo-se com o governador Camilo Santana para
discutir meios de combate ao sarampo.
Fonte: DN