Vírus modificado é inofensivo para células normais mas
combate melanoma; pesquisa foi feita com 634 pacientes.
Uma
versão geneticamente modificada do vírus que causa herpes pode curar câncer de
pele, de acordo com pesquisadores.
O
vírus da herpes modificado é inofensivo para células normais mas, quando
injetado em tumores, se replica e libera substâncias que ajudam a combater o
câncer.
Resultados
de testes divulgados na publicação científica Journal of Clinical Oncology
mostram que a terapia pode aumentar a sobrevivência dos pacientes por anos -
mas apenas para alguns portadores de melanoma, o tipo mais grave de câncer de
pele.
O tratamento ainda não foi licenciado.
"Quando
o vírus da herpes infecta uma célula ele cresce dentro dela e a faz explodir,
infectando as células ao redor. Por isso a ferida, são as células morrendo na
sua pele", explica Richard Marais, do Cancer Research UK.
"Eles modificaram o vírus de três maneiras. Primeiro, fizeram com
que parasse de causar herpes. Segundo, fizeram com que crescesse apenas nas
células cancerígenas. Por último, fizeram ele ser atraente para o sistema
imunológico. Por isso, quando injetado em um tumor, ele mata o tumor e ativa o
sistema imunológico, que caça outros tumores para matá-los", conclui.
Para ele, a técnica poderá ser usada, no futuro,
para combater outros tipos de câncer.
Tratamentos semelhantes de imunoterapia para melanoma já estão
disponíveis nos Estados Unidos e na Europa, mas os pesquisadores acreditam que
o vírus modificado, conhecido como T-Vec, poderia se somar a isso.
Seria também o primeiro tratamento para melanoma
que usa um vírus.
O estudo é o maior teste aleatório de um vírus anticâncer e envolveu 436
pacientes de 64 centros nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e África do Sul
que tinham melanomas malignos inoperáveis.
"Há
um crescente entusiasmo com o uso de tratamentos virais como T-Vec para o
câncer, porque eles podem lançar um ataque duplo nos tumores - matando células
cancerígenas diretamente e colocando o sistema imunológico contra elas",
diz o coordenador dos testes no Reino Unido, Kevin Harrington, do Instituto de
Pesquisa do Câncer, em Londres.
"E, como o tratamento viral pode ter como alvo células cancerígenas
especificamente, há uma tendência a ter menos efeitos colaterais que a
quimioterapia tradicional ou algumas das novas imunoterapias."
Mais pesquisa
"Estudos
anteriores mostraram que o T-Vec poderia beneficiar algumas pessoas com câncer
de pele avançado, mas este é o primeiro estudo a provar um aumento de
sobrevivência", disse Hayley Frend, gerente de ciência da informação do
Cancer Research UK.
"O próximo passo vai ser entender por que apenas alguns pacientes
respondem ao tratamento com T-Vec, para ajudar a identificar quais pacientes
poderiam se beneficiar disso", diz.
De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), embora o câncer de
pele seja o mais frequente no Brasil (25% dos casos), o melanoma - que é mais
grave, devido à possibilidade de metástase - representa 4% dos tumores malignos
de pele.
Os riscos de desenvolver câncer de pele aumentam
com a exposição a raios UV.
Fonte: G1.













