A decisão do Supremo Tribunal Federal de libertar o empresário
Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, representa uma dura derrota editorial
para a revista Veja, que, em duas edições recentes, tentou convencer os
ministros da corte a mantê-lo preso para que, assim, o réu fizesse uma delação
premiada contra o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.
A primeira tentativa aconteceu
no dia 21 de março deste ano, quando Pessoa foi capa de Veja, numa reportagem
que, supostamente, antecipava o que ele pretendia dizer. No texto, a revista
também ameaçava o próprio réu, com a informação de que, se não fizesse a
delação nos termos pretendidos, receberia uma condenação entre 90 e 180 anos de
prisão (leia mais em "Veja tenta arrancar nova delação
a fórceps").
A segunda investida de Veja
ocorreu no dia 4 de abril deste ano. No texto, a revista sugeria que
Pessoa poderia indicar "o chefe", "o cabeça" responsável
pelo "desfalque bilionário". Dizia ainda que "quanto mais o
tempo passa, maior a probabilidade de um empreiteiro de primeira linha contar o
que sabe e, portanto, maior a agonia do governo" (leia mais em "Veja coloca de novo a faca no
pescoço do STF").
O STF, no entanto, resistiu ao
jogo de pressões. Em seu voto, o ministro Teori Zavascki, relator do caso,
disse que manter preso Ricardo Pessoa para forçar uma delação premiada
seria "medida mediavalesca que cobriria de vergonha nossa sociedade".
Seu voto foi acompanhado pelos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes, que
decidiram a votação em favor da liberdade do réu.
Como Veja se deu conta de que
Pessoa não estava disposto a se transformar em delator, dedicou sua capa desta
semana a outro empreiteiro preso: José Adelmário Pinheiro, da OAS, que segundo
a revista também poderia acusar o ex-presidente Lula.
No entanto, com os mesmos
argumentos que sustentaram a libertação de Ricardo Pessoa, os ministros do STF
determinaram prisão domiciliar para o executivo da OAS e outros sete diretores
e funcionários de empreiteiras.
Fonte: Brasil 247.