Deixei para comentar hoje porque é irrelevante a olhos vistos a matéria
da Folha de ontem que diz que a anunciada fusão entre o PTB e o DEM seria uma “união que juntaria herdeiros de Getúlio e Lacerda“.
Pura
tolice.
Nem os de um, nem os de outro.
O
“varguismo” ou o trabalhismo já não pertencem a partido algum. Enquanto havia
Brizola, certamente grande parte dele estava com ele no PDT, mas nem assim
todo ele.
Se alguém
pode dizer que tem dele o sentido histórico é Lula, nem mesmo o PT.
E a UDN e o lacerdismo – deus meu! – será preciso olhar muito para ver
onde estão?
Onde está a classe média urbana, a elite, os “punhos de renda”, o
delírio anticomunista sobre tudo, o moralismo como razão bastante e suficiente
de desejar a quebra da normalidade institucional e o apelo ao golpe?
Há cinco
anos, meu velho companheiro de redação, Argemiro Ferreira, escreveu na Carta Capital que, no Brasil, “um Alzheimer singular,
indiferente à idade, apaga a memória de políticos da oposição e do jornalismo a
serviço deles. Em razão do fenômeno, uma geração menos jovem, resistente àquele
mal, tenta, nem sempre com sucesso, devolver-lhes a memória recordando lições
da história recente“.
E
revelava o agora obvio, que o PSDB é a UDN do século 21.
Mais,
já antevia a tentação lacerdista diante de Aécio Neves.
“O estilo Aécio, oposto a um PSDB udeenizado e golpista,
privilegiaria acordo e não confronto. O avô sempre teve a UDN como adversária.
Sofreu ao lado de Vargas o assalto final dos golpistas sem votos. A aposta
tucana, menos nas urnas do que no golpe apoiado no poder da mídia e na ilusão
do tapetão judiciário, pode recomendar rumo diferente a Aécio”.
Não
apenas recomendou como este, claramente, o assumiu.
E move-se para, com este mote lacerdista, tomar o controle do
partido de seus donos paulistas.
Fonte: Tijolaço.