segunda-feira, 6 de abril de 2015

Programas sociais e queda no número de filhos por famílias

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Segundo o IBGE, os programas sociais do Governo Federal contribuíram para a queda do número de filhos por famílias no Brasil. O (a) senhor (a) concorda?
Os dados da Pnad apresentados
pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS mostraram que nos últimos dez anos os pobres reduziram mais a fecundidade que a média brasileira, chegando a 26,4% no nordeste. Os dados contestam a ideia de eleitores que criticam os programas de transferência de renda e argumentam que os pobres têm filhos para receber dinheiro do Programa Bolsa Família - PBF. Para o MDS essa afirmação não tem base na informação, mas no preconceito. Os beneficiários do PBF estão entre os que mais reduziram o número de filhos pelas próprias condicionalidades do programa que exige frequentar o posto de saúde e a escola melhorando a informação e as condições de vida. As mudanças no perfil das famílias estão diluídas em todas as camadas sociais. A média de filhos por família é 1,6 no Brasil e 2,0 entre os 20% mais pobres.
IEDA PRADO
Doutora em Sociologia


Com o crescimento econômico que o Brasil vive desde o plano real, a renda familiar do brasileiro também teve um crescimento, o que gerou expectativas e anseios maiores nas famílias que começaram a ter mais acesso a bens e serviços, antes impensáveis aos cidadãos das classes menos favorecidas. Hoje, as famílias têm mais acesso a informações sobre planejamento familiar, saúde e educação. Buscando se adequar a esta nova realidade, se conscientizaram que um número menor de filhos traria uma melhor condição de vida para a família. Melhor investimento em educação, moradia, lazer, saúde e segurança tem sido feito pelos governos no decorrer dos últimos anos. Estes benefícios sociais ofertados pelos governos à população de baixa renda levam estas famílias a se adaptarem à nova realidade financeira, o que pode influenciar na redução do número de filhos.
AUGUSTO LIMA
Advogado

A exigência do programa Bolsa Família de realização do pré-natal pelas beneficiárias contribui para a redução da mortalidade materna, dos bebês, além de reduzir a taxa de natalidade, em vista da disseminação de informações sobre métodos contraceptivos. A ampliação de consultas de pré-natal, entre 2003 e 2012, foi de 87% (MS, 2015). A obrigação de matrícula e frequência de crianças e jovens na escola é outro grande feito que reduz o analfabetismo. Esta política, ao mesmo tempo em que combate a pobreza e a miséria de milhões de brasileiros, tem resultados sobre a saúde, educação e crescimento econômico do País. Neste quesito, por propiciar a elevação do consumo, que faz girar a economia. Por tudo isso, o programa Bolsa Família é uma política social completa, como nunca houve no Brasil, que deve ser ampliada e complementada com a capacitação das famílias para o trabalho.
FÁTIMA VILANOVA
Doutora em Sociologia

O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) divulgou, recentemente, uma notícia afirmando que o número de filhos por família teve maior queda entre beneficiárias do Bolsa Família. Entretanto, após a leitura da notícia vinculada pelo Ministério é possível constatar que essa afirmativa não se mantêm pelos dados apresentados na notícia. A rigor, tal afirmativa só poderia ser realizada se houvesse um estudo em que se considerasse um grupo de controle e outro de tratamento. Nesse caso poder-se-ia filtrar o efeito de queda da taxa de natalidade da população brasileira que tem ocorrido nas últimas décadas. Dessa forma, em minha opinião, a notícia vinculada pelo Ministério carece de sustentação metodológica em sua afirmação sobre a queda do número de filhos entre as beneficiadas pelo Bolsa Família.
PAULO PONTES
Técnico do Ipece


Esta é uma questão complexa desde os clássicos da economia que difundiram os *preceitos* liberais e a vinculação entre população e crescimento econômico. Em geral admitiam que a prosperidade só ocorreria se a taxa de crescimento da população fosse inferior a da economia, daí se "opunham" a políticas assistenciais e de melhoria significativa nas condições de vida dos mais pobres para limitar casamentos e o aumento da população. Já o pensamento marxista se opõe às ideias liberais ao mostrar que a dinâmica demográfica era inerente a cada modo de produção. Isto se mostra crível no capitalismo ao se verificar que a concorrência e a precarização do trabalho tem provocado a inserção da mulher no mercado.O capitalismo gera suas próprias "armadilhas", pois o Brasil pode se dá ao luxo de contar ainda com o chamado "bônus demográfico". Portanto, não devemos festejar tanto a redução do tamanho de nossas famílias.
FERNANDO PIRES
Economista membro do Laboratório de Políticas Públicas da UFC


O levantamento do MDS, feito com dados do IBGE, quebrou um mito intensamente reproduzido país afora, mesmo firmado em achismos e preconceitos: o de que programas como o Bolsa Família estimulavam famílias pobres a terem mais filhos. Certamente, a redução apurada foi influenciada pela ampliação da urbanização, da escolaridade da mulher jovem e da inserção feminina no mercado de trabalho. Entre as famílias pobres, os critérios do próprio Bolsa Família podem ter se refletido na redução, já que o programa condiciona o benefício ao comparecimento regular dos filhos nos postos de saúde, onde as mães também recebem informações e têm acesso a métodos contraceptivos. Não é prudente apontar uma razão predominante sem um estudo aprofundado, mas é perceptível que a ampliação do acesso à saúde, à educação e à informação tem um peso considerável no planejamento familiar visando melhoria de vida.
CAROLINA DE FÁTIMA ALMEIDA MATOS

Mestre em Economia
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