Ficou caro apostar contra o Brasil e,
especialmente, contra a Petrobras. Nesta quinta-feira, as ações da empresa
subiram 9%, diante da perspectiva de publicação do balanço. Em quinze dias, a
alta já se aproxima de 35%.
Com isso, a empresa, agora
comandada por Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil, retoma a
normalidade, conforme anunciou, nesta quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff.
"A Petrobras está de pé, a Petrobras limpou o que tinha de
limpar, tirou aqueles que tinha de tirar lá de dentro, que se aproveitaram de
suas posições para enriquecer os seus próprios bolsos. A Petrobras continua de
pé", disse ela.
A alta das ações é também influenciada pela decisão da Shell de
pagar US$ 70 bilhões pelo controle do BG Group, com foco no Brasil. Com a
aquisição, a Shell pretende se tornar a maior parceria da Petrobras e saltar de
uma produção, no Brasil, de 52 mil barris/dia para cerca de 550 mil barris/dia.
"O Brasil é o país mais excitante para o mercado de petróleo
no mundo", disse ontem Ben van Beurden, executivo-chefe da Shell (saiba
mais aqui).
Leia, abaixo, reportagem do
portal Infomoney sobre o pregão desta quinta-feira:
Petrobras dispara 9% com "short
squeeze" e bate maior nível do ano com rumores de balanço
Por Rodrigo Tolotti Umpieres
SÃO PAULO - Apesar do Ibovespa variar entre leves perdas e ganhos
nesta quinta-feira (9), as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) chamaram atenção
liderando os ganhos do índice ao subirem quase 9%. O desempenho ocorreu após
notícia da agência Reuters, na noite de ontem, afirmar que a estatal irá votar
o balanço auditado de 2014 no próximo dia 17, o que aumentou a expectativa
sobre a divulgação do resultado já na próxima semana.
Com essa esperança pelo balanço, operadores afirmam que os
papéis da companhia petrolífera sofreram um "short squeeze" neste
pregão. Tal movimento ocorre quando existe muita demanda por ativos de
aluguel, mas pouca oferta, ou se o limite de ações para aluguel já tiver batido
o limiar permitido pela BM&FBovespa. Desta maneira, o investidor que
realiza venda a descoberto (quando se está apostando em uma queda dos ativos)
se vê tendo que comprar ações para liquidar sua operação na Bolsa, o que
acarreta na disparada das ações.
As ações ordinárias da estatal tiveram ganhos de 9,28%, cotadas a
R$ 11,54, enquanto os papéis preferenciais avançaram 9,06%, para R$ 11,56 -
maior patamar desde 5 de dezembro do ano passado. Com isso, a companhia teve um
ganho de valor de mercado de R$ 12,671 bilhões em relação ao último pregão. O
volume movimentado pelos ativos também foi grande: os papéis ON superaram a
média de 21 dias de R$ 159,9 milhões e chegaram a R$ 262,8 milhões, enquanto as
ações PN movimentaram R$ 876,6 milhões, ante média de R$ 529,6 milhões.
Na noite de ontem, a Reuters, citando um
conselheiro da Petrobras disse que a estatal provavelmente analisará e,
possivelmente, votará no dia 17 de abril as demonstrações financeiras auditadas
da companhia, que estão atrasadas por causa do escândalo de corrupção
investigado pela Lava Jato.
Porém, a Petrobras enviou uma nota hoje para a agência e afirmou
que "não há data definida para a divulgação". Em e-mail, a petroleira
reafirmou que continua trabalhando para divulgar os resultados financeiros
"o mais breve possível".
Além disso, de acordo com a agência, o encontro deve ser o
último de vários membros do conselho, que está passando por mudanças desde a
saída de Graça Foster da presidência da empresa. O mandato de dois
conselheiros representantes de minoritários e do representante dos
trabalhadores também está no fim, disse a fonte.
A auditora PwC (PricewaterhouseCoopers) se recusou, em novembro, a
aprovar as contas da empresa com a preocupação de que o esquema de corrupção em
contratos da petroleira, que envolveu desvio de dinheiro para empreiteiras,
políticos, partidos e ex-executivos, teria inflado valores de ativos da
companhia.
Caso não apresente os resultados em determinados prazos, a
Petrobras pode enfrentar uma execução de dívidas de mais de US$ 50 bilhões em
títulos. A companhia tem até o final de abril para publicar seu balanço
anual auditado. Após essa data, segundo a própria Petrobras, a empresa teria de
30 a 60 dias, dependendo de contratos de dívidas, para cumprir essa obrigação.
Noticiário agitado Soma-se a tudo isso uma notícia sobre possíveis
mudanças no sistema de partilha. Em meio às dificuldades de caixa da Petrobras
e o temor de parte do mercado de que a companhia assolada por escândalos de
corrupção não consiga arcar com seu ambicioso plano de investimentos, o
ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, acenou na quarta-feira pela
primeira vez que o governo pode "revisitar" as regras do regime de
partilha na exploração do pré-sal e da política de exigência de conteúdo local
na indústria de petróleo.
Em audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, Braga avaliou
que, apesar de terem ajudado o País a chegar a um patamar avançado no setor,
essas regras podem ser rediscutidas pelo governo futuramente. "Essas
políticas não podem ser taxadas de ineficientes, porque foram pilares do nosso
desenvolvimento no setor de petróleo e gás", disse, em resposta a
questionamentos de parlamentares.
Além disso, a refinaria de
Pasadena, da Petrobras, no Texas, Estados Unidos, retomará as atividades de
determinadas unidades após a conclusão de reparos de manutenção, segundo um
documento entregue pela companhia à Comissão do Texas em Qualidade Ambiental.
Fonte:
Brasil
247.