Na
primeira entrevista após deixar o Ministério da Educação (MEC), o ex-ministro e
ex-governador Cid Gomes (Pros) voltou a tecer críticas ao Congresso Nacional
por, segundo ele, atuar contra a governabilidade do governo Dilma Rousseff.
Para o ex-ministro da Educação, deputados e senadores têm
aprovado uma série de propostas na "contramão" do ajuste fiscal, o
que deverá tornar a aprovação do ajuste no Legislativo uma tarefa difícil para
o governo Dilma.
"Hoje é absolutamente consensual no Brasil a necessidade
de se equacionar o Orçamento, e o Parlamento, como regra, trabalha na contramão
porque não tem compromisso com a governabilidade. O Parlamento é um
antipoder", disparou.
Na avaliação de Gomes, a crise vivida hoje pelo governo é
reflexo, sobretudo, do modelo político brasileiro, em que o Executivo depende
muito do Parlamento para conseguir governar. "Se o Brasil vivesse o
parlamentarismo, o Parlamento governaria com a responsabilidade para o bem ou
para o mal. Como não é assim, o Parlamento não se sente responsável. Quer tomar
parte do governo para si", afirmou. Conforme o ex-ministro da Educação, as
propostas de reforma política apresentadas até agora não atacam essa questão.
De acordo com ele, falta atualmente uma "sintonia"
entre os Poderes Executivo e Legislativo. Não por questões ideológicas, mas por
motivos "fisiológicos", com um Parlamento onde são poucos os que têm
compromisso com a governabilidade. O ex-governador do Ceará avaliou que esse
cenário é agravado por um PMDB com espaço cada vez maior no governo federal, o
que, na opinião dele, é "ruim para o País".
Segundo Cid Gomes, a ida do vice-presidente Michel Temer para
a articulação política do Planalto, no lugar do ex-ministro das Relações
Institucionais, Pepe Vargas (PT), mostra a força do PMDB e a dependência do
governo em relação ao partido, que também detém as presidências do Senado, com
Renan Calheiros (AL), e da Câmara, com Eduardo Cunha (RJ).
Fonte:
Brasil
247.