A escalada de demissões de
profissionais da imprensa nos últimos anos e nos últimos dias, 50 jornalistas
da Folha, 100 do Estadão, Jornal Nacional e outros telejornais despencando as
audiências, mostra que o setor está arruinando numa velocidade inimaginável.
Grandes grupos como Estado, Abril, SBT e
outros estão colocando à venda patrimônios, maquinários, antenas, rotativas
gigantescas, e não conseguem compradores. O destino delas pode ser os museus.
O Grupo Abril, por exemplo, fechou várias
revistas, demitiu 150 funcionários, desocupou metade do prédio, sede da
empresa. O jornal O Sul deixou de circular a edição impressa recentemente,
editores de revistas semanais já discutem manter apenas a edição eletrônica.
O Brasil, segundo o IBGE, é o país onde mais cresce o acesso à
internet no mundo. No final de 2014 chegou a 108 milhões de internautas.
Superou o Japão.
É também o 6º país com o maior número de
smartphones. Isso quer dizer que os conteúdos estão na palma da mão e não mais
na banca de revista ou na tv da sala.
Ou seja, grandes grupos de comunicação estão agora disputando
espaço na rede em condições iguais com qualquer outro estabelecido ou que
queira se estabelecer.
A questão é a capacidade instalada de produzir conteúdo. Pequenas
equipes podem gerar grandes negócios.
A queda de audiência e das tiragens dos
impressos fizeram com que os anunciantes buscassem outros meios para veiculação
da propaganda de seus produtos, migraram na internet ou criaram seus próprios
sites.
Com isso as receitas dos meios tradicionais, TVs, jornais,
revistas e rádio despencaram. Começou a ganhar força a desconcentração da
publicidade e a pulverização para alcance de maior número de internautas.
Um importante jornal de Brasília, em 2010, tinha uma tiragem de 70
mil exemplares no domingo, numa população de mais de dois milhões de
habitantes. Hoje não passa de 30 mil.
Isso por que a internet chegou para ficar e
está colocando em xeque um modelo, principalmente de imprensa, que sofre como
nunca a perda de credibilidade, conforme apontam pesquisas de opinião.
A internet deu voz a todo mundo, criou
verdadeiras praças, que são as redes sociais, tribunas eletrônicas com
liberdade de expressão quase absoluta e a possibilidade de checar informações
instantaneamente, caso haja dúvida da publicação.
Cada um pode montar seu canal de comunicação. Tamanho agora
não é documento. No Congresso Nacional, por exemplo, a onda agora são os
parlamentares chamarem seus eleitores nas redes sociais para vê-los falar no
Plenário ou nas comissões.
Os mais versados no uso do WhatsApp e em
outras redes, são acompahados de um assessor de imprensa munido de celular que
filma, edita e posta os pronunciamentos ou entrevistas curtas de opinião deles
sobre qualquer assunto.
Além das redes sociais, eles têm seus sites onde postam todas as
informações que consideram importantes para seus eleitores.
A decadência dos grandes grupos atingiu também
o jornalismo ficcionista, a manipulação da informação, hoje frequentemente
desmentida na internet.
A chamada grande imprensa, guardadas devidas
excessões, anda desmoralizada e, nesse vácuo, surge com força um novo modelo de
imprensa, ainda tentando se equilibrar.
As redações tradicionalmente centralizadas
estão sendo fragmentadas, dando lugar às assessorias de imprensa, que crescem
nos órgãos públicos e nas empresas.
Sem falar na imensa diversidade de sites especializados, cresce o
número de blogs de analistas dos mais variados assuntos: de política, economia,
artes, a comportamento de cães.
O que está se desenhando é que sobreviverá
nessa selva eletrônica quem produzir informações confiáveis, um jornalismo
honesto, com bons intérpretes da realidade, para ajudar a sociedade a entender
as transformações do mundo e poder avançar na afirmação da cidadania e na
democracia.
Afinal, a credibilidade é a essência do jornalismo.
O fato é que ainda estamos sob impacto do
surgimento das novas mídias. A revolução tecnológica nos meios de comunicação
ainda é muito recente. Tudo isso está se decantando.
O setor de comunicação é tão importante para o
desenvolvimento do país quanto os setores de transporte, indústria,
agricultura. Mas não costuma ser tratado com a devida consideração.
Os estudos para verificar o que
representa esse setor na composição do PIB ainda são insuficientes, pelo
fato de estar passando por intensa transformação.
O governo Dilma vai anunciar em breve um
projeto, que está sendo finalizado no Ministério das Comunicações, chamado de
Banda Larga para Todos, de universalização da internet para 98% dos domicílios
até 2018, com velicidade de 25 Mbps. Hoje a média é de 2,9 Mbps.
Com isso o Brasil se equipara aos países mais
desenvolvidos do mundo em oferta de internet de alta velocidade.
Serão investidos R$ 50 bilhões. O governo
entra com R$ 15 bilhões e as operadoras com R$ 35 bilhões. Os recursos são do
FISTEL – Fundo de Fiscalização das Telecomunicações que tem hoje em caixa R$ 47
bilhões.
É um setor que precisa de um marco regulatório
para organizá-lo do ponto de vista econômico, social, cultural e político, pela
importância estratégica que representa para a construção da nação
democrática e soberana que desejamos.
Creio que seremos capazes de criar meios
comprometidos com a civilização para que possamos superar a barbárie.
Fonte:
Brasil
247.