Para parlamentares de oposição a Camilo, mudança de postura
do Executivo supera equívoco de oito anos
A declaração do governador Camilo Santana (PT) de que pretende comprar
“carros mais simples” para a Polícia Militar - que tem como uma de suas ações o
Ronda do Quarteirão - contraria o aliado político e ex-governador Cid Gomes
(Pros) e corrige uma falha de dois mandatos do seu antecessor. É o que afirmam
deputados de oposição ao petista na Assembleia Legislativa do Ceará. A
afirmação de Camilo foi dada em entrevista ao O POVO na
edição de ontem.
A proposta de polícia comunitária, carro-chefe da primeira campanha de
Cid Gomes ao governo estadual, foi defendida por Santana na última campanha
eleitoral, quando o então candidato prometeu que iria reformular o programa a
fim de obter um resultado positivo sem mudar sua concepção original.
Para o deputado de oposição, Heitor Férrer (PDT), o gesto do governador
vai de encontro ao discurso da oposição sustentado durante os últimos oito
anos. “Fizemos duras críticas contra a compra dos luxuosos carros da Hilux.
Essa atitude, de maneira mais pé no chão, combina com o nosso pensamento”.
O peemedebista Danniel Oliveira acredita que a decisão do governador
corrige um equívoco de Cid à frente do Governo. “É a confirmação de que o
programa, além de falho, é equivocado nos valores dos carros”.
O deputado estadual Capitão Wagner (PR) alega que a compra de um
equipamento mais modesto “comprova que realmente o erro perdurou por oito
anos”. O parlamentar defende que o Ceará, por ser um estado pobre, não poderia
custear veículos de luxo para todas as modalidades de policiamento.
Concepção não muda
O deputado governista Wellington Landim (Pros)
garante que a concepção do programa não muda com a reformulação. Segundo ele, o
processo faz parte de uma “adequação normal” para que o policiamento dê
respostas à sociedade. O petista Moisés Braz endossa o discurso de Landim e
afirma que carros de menor potência também podem fazer “um bom trabalho”.
Economia nos cofres
O sociólogo Ricardo Moura avalia que a postura do
governador Camilo Santana reflete o momento de austeridade nas contas do
governo. “Em época de aperto econômico, a ostentação é uma postura pouco
recomendável”, diz.
Para Geovani Jacó, coordenador do Laboratório de Estudos da
Conflitualidade e da Violência (Covio) da Uece, a mudança do veículo deve ir
acompanhada de um pacote de um novo modelo de segurança pública que não se
resuma apenas a um contingente armado. O pesquisador disse ainda que o programa
perdeu a confiança popular.
Fonte: O Povo