Ora,
e então vemos um alvoroço na internet com um editorial em que a Folha admite
que a Justiça favorece o PSDB.
A razão do editorial foi o completo abandono do chamado
Mensalão Tucano.
Bonito isso.
Agora, para ficar completo, só falta a Folha fazer um segundo
editorial em que denuncie a proteção, pela mídia, do PSDB.
Ambas as proteções, a jurídica e a jornalística, caminham
alegremente de mãos dadas, e servem para que milhões de analfabetos políticos
sejam manipulados e acreditem que a corrupção é monopólio do PT.
Servem, também, para desviar o foco da sociedade. Nosso maior
problema, uma real tragédia, é a desigualdade social, e a mídia e a Justiça se
combinam para que ingênuos sejam levados a crer que o mal maior é a corrupção.
A mídia favorece o PSDB de diferentes formas.
A Veja é descarada, escandalosa, despudorada. É aquela
marafona que anda pelas ruas com um cartaz no qual anuncia seu preço e
condições.
Não pretende enganar ninguém.
A Globo é a marafona que faz algum esforço para disfarçar a
sua atividade, e às vezes chega mesmo a vestir roupa de colegial, mas que mesmo
assim deixa claro seu ofício e suas intenções.
Quer enganar, mas não engana ninguém.
A Folha é a marafona que se faz de virtuosa. Chega a dar
lições de moral.
É, talvez, o pior tipo. Pois acrescenta hipocrisia ao vício.
Leva na bolsinha nomes como Josias de Sousa, Reinaldo
Azevedo, Pondé, Ferreira Gullar, Demétrio Magnolli e editores capazes de dar
uma manchete errada com Dirceu e repará-la, aspas, com uma nota de rodapé num
espaço que ninguém lê.
De vez em quando, a Folha faz um editorial como este em que
critica um antigo descalabro brasileiro – o caráter partidário da Justiça, algo
que mina a crença da sociedade nos bons propósitos dos senhores magistrados.
Virou uma coisa tão indecente que já nem causa surpresa
descobrir nas redes sociais juízes fazendo, ostensivamente, agressivas
campanhas políticas antipetistas.
A Folha, eu dizia, de tempos em tempos, faz um editorial
daqueles.
Mas apenas para que possa continuar a usar o marketing que
diz que o jornal “não tem rabo preso com ninguém”, e por nenhuma outra razão
que mereça algum tipo de elogio.
Fonte: Diário do Centro do Mundo.