Na lista divulgada
nesta sexta-feira (06/03) pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot,
salta aos olhos a quantidade de parlamentares do PP. O Partido Progressista tem
nada menos que 31 políticos de um total de 49 nomes nessa relação enviada ao STF.
São 29 deputados (sendo que 18 estão atualmente exercendo seus cargos) e 3
senadores de um total de 12.
Aqui cabe um
exercício de história. Para começar: quem é o Partido Progressista? O PP nasceu
de uma costela do PDS, que sucedeu a Arena, o partido que governou depois do
golpe de 1964. É o partido que abriga Paulo Maluf e Jair Bolsonaro, além de
outros conhecidos parlamentares ligados ao golpe. Ou seja, é um partido que
conhece a fundo a Petrobras há 50 anos.
O segundo partido
com maior presença na lista é o PMDB, que comandou a Petrobras durante todo o
governo Sarney (1985-1990), sucedendo a ditadura. Edison Lobão, ex-ministro de
Minas e Energia, está na lista.
Nos anos 70 no
Maranhão, em plena ditadura, Lobão era um jornalista por quem o então presidente
Ernesto Geisel nutria grande simpatia. Consta que Geisel teria pedido ao
influente senador da época, Victorino Freire, que Lobão fosse transformado numa
grande liderança no Maranhão.
Outra presença
significativa na chamada "lista de Janot" vem do PTB (Partido
trabalhista Brasileiro): o senador Fernando Collor de Mello, ligado ao seu
ex-secretário de assuntos estratégicos do Departamento de Inteligência Pedro
Paulo Leoni. O ex-presidente da República teve o apoio de todos os partidos da
elite brasileira nas eleições de 1989.
A lista de Janot
ainda tem um segmento do PT, partido odiado, como disse o economista Luiz
Carlos Bresser-Pereira em recente entrevista à Folha de S. Paulo, por todos os
outros grandes partidos que representam a maioria do Congresso.
Outro nome na
lista é o do senador Antonio Anastasia (PSDB), ex-governador de Minas e cria de
Aécio Neves. O delator, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho,
conhecido como "Careca", revelou à PF que teria levado R$ 1 milhão a
uma casa em Belo Horizonte sem saber a identidade do destinatário. Ele diz ter
entregue nas mãos de Anastasia e afirma ter reconhecido o político
posteriormente, através de fotos. Então esse dinheiro não era para o
político mineiro?
A lista de Janot
tem 49 políticos. Fica a questão: e os grandes corruptores do Brasil? Onde
estão aqueles grupos de sempre, que operam nas sombras há décadas. São os donos
de concessões de estradas, de aeroportos, empresas de comunicações, empresas de
energia, bancos. Eles representam cerca de 70% do empresariado brasileiro.
E alguns
envolvidos na Operação Lava Jato querem agora criar uma CPI contra o Ministério
Público para fazer com ele o mesmo que foi feito com um magistrado no Rio de
Janeiro. Por uma conduta irresponsável, o juiz foi transformado em delinquente
e o empresário corrupto em santo.
Será que o erro
do juiz deve ofuscar os crimes de manipulação de mercado e uso de informação
privilegiada praticados pelo empresário, que acabaram lesando em até R$ 7
bilhões o BNDES e comprometeram obras importantes para o Rio?
O mesmo não pode
acontecer em Brasília. As investigações devem seguir, sem pressões políticas ou
econômicas para que tenhamos um julgamento baseado nas leis e nas garantias
constitucionais. Mas é importante saber separar o joio do trigo e identificar
quais são os grupos mais poderosos que saqueiam o dinheiro do povo brasileiro
há décadas.
Fonte:
Jornal
do Brasil.