Tenho
novidades bem interessantes, quiçá explosivas, sobre a operação Lava Jato, e
informações que jamais sairão na mídia.
Informações que nos ajudarão a
entender os interesses políticos e econômicos por trás da operação.
Mas fica
para o próximo post, que tentarei publicar ainda hoje, ao final da tarde.
Por enquanto, deixo apenas
algumas opiniões.
Ninguém
duvida que há um grupo querendo derrubar o governo; o que, admitamos, faz parte
do jogo democrático.
Ninguém duvida também que este
mesmo grupo está usando a Lava Jato com este objetivo.
Ninguém
duvida, da mesma forma, que a mídia familiar, com seus tentáculos por todo o
país, integra o núcleo duro deste grupo.
Hoje, por
exemplo, a Folha publica uma entrevista com um advogado de 82 anos, com direito
a chamada de capa, que não tem outro objetivo senão emparedar ainda mais a
presidenta Dilma.
O
advogado se posiciona fortemente contra a intenção do governo de não deixar as
principais empresas de construção civil se desmancharem, provocando desemprego
e um efeito dominó na economia brasileira.
Não há a
mínima preocupação, nas falas do advogado, nem nas perguntas da Folha, sobre a
questão social.
O
advogado fala que a presidenta estaria incorrendo em “crime de
responsabilidade” ao oferecer acordo de leniência às empreiteiras, numa
tentativa de assustar Dilma.
Óbvio: a mídia já começou a
buscar brechas para o impeachment.
É assim:
ou Dilma deixa o país quebrar, o que levaria a um desgaste social e político
que facilitaria o impeachment, daqui a um ou dois anos; ou ela não deixa o país
quebrar, e leva o impeachment justamente por fazer isso.
Um
desafio e tanto para um coração valente que, neste segundo mandato, ainda não
demonstrou tanta valentia assim. Não há enfrentamento político contra a
oposição, representada principalmente pela mídia.
A falta de
enfrentamento faz o governo sofrer derrotas em série, na justiça, no MP, no
Congresso, na imprensa, nas redes sociais, na opinião pública, nas ruas.
Quem não luta, perde.
E perderá
sempre enquanto não reagir com uma estratégia ofensiva e inteligente, usando as
armas que ela tem: a caneta presidencial, o apoio da classe trabalhadora
organizada e de uma extensa e orgânica militância que, até o momento, assiste a
tudo com um sentimento de perplexidade e impotência, porque o governo parece
lhe ignorar.
Para a
elite rentista e neoliberal que domina a mídia e exerce um domínio quase
hegemônico sobre o debate político em nosso país, o governo pode torrar mais de
R$ 300 bilhões para salvar bancos, como fez FHC no Proer, mas deveria permitir,
em nome da luta contra a corrupção, o desmantelo das maiores empresas de
construção civil do país.
Na mesma
Folha, nota-se o suporte à posição do Ministério Público, de se posicionar
contra qualquer esforço do governo para salvar as empresas de construção civil
de um processo de falência generalizado.
O único
enfrentamento político do governo tem sido falar, às vezes, em “golpismo”. Mas
como não tem coragem de apontar os mentores desse golpismo, a denúncia fica
vazia. Soa desesperado e oportunista.
É preciso
fazer um enfrentamento completo, não pela metade, apontando o longo histórico
da elite brasileira de usar a mídia para manipular a opinião pública e produzir
a sensação de caos e ingovernabilidade.
É preciso
falar de história. E não apenas falar, mas adotar iniciativas políticas que
injetem ânimo e esperança na classe trabalhadora.
Por
exemplo, o governo deveria lançar um programa de redistribuição das verbas
publicitárias, empoderando as periferias desse enorme país, onde as pessoas não
tem voz, e são massacradas diariamente por uma mídia que é a sua inimiga
ideológica.
São medidas que fortaleceriam o
governo e, portanto, proporcionariam estabilidade política.
Valem tanto quanto medidas de
ajuste fiscal.
Qual o
sentido, meu Deus, em gastar bilhões em propaganda na Globo e em outros canais,
todos subserviente às diretrizes emanadas das corporações?
E a coisa
está crescendo – e piorando.
Agora o Twitter envia boletins
com resumo de notícias a todos os seus assinantes, e as notícias são sempre da
Veja, Globo e Folha.
Surgiu o
Elemídia, uma empresa que instala telões em elevadores, shoppings, ônibus,
locais públicos, distribuindo notícias da Veja, Estadão, Folha e Globo.
Sem investir pesadamente na mídia
(não confundir com investimento em propaganda, que não vale nada diante do poder
da mídia), o governo, e o Brasil, está perdendo espaço.
E vai perder cada vez mais, dia a
dia.
De que
adianta fazer ajuste fiscal se o país caminha para um cenário de instabilidade
política provocado pela mídia e pela oposição?
A
instabilidade política causa danos à economia e aí o ajuste fiscal, cujo
objetivo é sanear as contas públicas, perde o sentido, torna-se
contraproducente.
Sem ação política, e ação
política distribuída à população, através de investimentos maciços em mídias
alternativas que reduzam o poder da mídia familiar, o governo vai continuar
perdendo popularidade e sendo derrotado sistematicamente, em todas as frentes.
Temos aí
a TVT, um projeto ambicioso, e ainda sem recursos do governo federal. Temos
milhares de empreendimentos alternativos, revistas e jornais que fogem ao
discurso hegemônico da mídia, que precisariam de publicidade institucional para
ganharem consistência.
A mídia corporativa nasceu e vive
de verbas públicas.
O governo vai manter esta
situação até quando, até o suicídio ou até a ruína nacional?
Fonte: O Cafezinho.