A Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) fechou, pela primeira vez, uma fábrica de cartões clonados com chips. Os policiais civis foram até o estabelecimento que funcionava no bairro Mucuripe e encontraram 235 cartões, além de material para fabricação das peças. Uma parte dos cartões estava em branco e o restante já estava com marcas de operadoras e de bancos facilitando o uso para compras em lojas ou saques em caixas eletrônicos.
Segundo o titular da DDF, delegado Jaime Paula Pessoa Linhares, o ponto comercial localizado na Avenida Abolição, bairro Mucuripe, foi alugado pelo proprietário da fábrica clandestina para confeccionar os produtos. Na casa, também foram apreendidos pelos inspetores da DDF, uma leitora de cartão, uma impressora e uma plastificadora. Para usar os cartões "chipados", o estelionatário quebrava a codificação dos chips por meio de um programa instalado em um notebook.
Vítor Domingues Valentine dos Reis, 24, disse aos policiais que comprou o material em São Paulo e que o vendedor viajaria até Fortaleza para ensiná-lo a fabricar os cartões. Porém, segundo o titular da DDF, a investigação aponta que o suspeito já estava fabricando os produtos.
Conforme a Polícia, o homem foi investigado durante 15 dias, depois que a Polícia passou a monitorá-lo por meio das redes sociais, em que ele aparecia "ostentando" viagens e bens materiais. "Festas com várias pessoas e muitos garrafas de uísque importadas. Todas essas informações foram retiradas da rede social, que é uma grande fonte de informação. E essas pessoas, não diferente dos traficantes, gostam de ostentar. Ele tem uma loja de confecção, tem constantes viagens, não só para São Paulo, mas também para os Estados Unidos", explicou o delegado.
O titular da DDF ressaltou que não é comum os estelionatários montarem fábricas para confeccionar as próprias peças. "É mais fácil fraudar o sistema online das operadoras ou bancos e pedir um cartão em nome de terceiros", explicou.
De acordo com o delegado, o primeiro registro do uso de cartões clonados "chipados", em Fortaleza, foi feito no ano de 2010, quando três búlgaros foram flagrados realizando saques em um caixa eletrônico localizado dentro de um supermercado no Dionísio Torres. Porém, a fabricação do material permaneceu desconhecida, até o Carnaval quando o Vítor foi preso e o material descoberto.
Linhares explicou que o suspeito utilizava produtos importados para chegar à perfeição na fabricação e enganar proprietários de estabelecimentos comerciais. Ele informou que conseguiu os cartões de PVC na Internet. O delegado comentou sobre a facilidade que os estelionatários possuem para comprar a "parafernália" utilizada na fabricação dos cartões e também para conseguir pessoas que fornecem comprovantes de endereço.
Segundo a Polícia, essas pessoas recebem R$ 50 para fornecerem dados dos respectivos logradouros aos golpistas.
A Polícia não descarta o envolvimento de comerciantes ou funcionários que receberiam uma porcentagem do dinheiro para passar os cartões. Ainda segundo o titular da DDF, o estelionatário não forneceu a senha do computador para a Polícia, mas o equipamento será periciado para que sejam encontrados os programas utilizados para codificação dos chips.
O suspeito possui passagem na Polícia por tráfico de drogas e roubo. Nesta última ação, Vítor foi autuado em flagrante pelo crime de estelionato e permanece detido na DDF.
Fraude
1. Pela internet, o suspeito comprava o material (PVC), em branco, para fabricação dos cartões
2. Utilizando um programa de computador, ele imprimia as peças e quebrava o código dos chips
3. Com dezenas de cartões em mãos, o estelionatário realizava compras em lojas e online, além de saques
Jéssika Sisnando
Especial para Polícia
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Fonte: DN