Em editorial publicado neste
sábado, o jornal O Globo, dos irmãos Marinho, defende que os títulos da
Petrobras sejam tratados por investidores como 'lixo'. "Na quinta, a
agência Moddy’s rebaixou todas as notas de risco da estatal, colocando-a no
limiar da perda do 'grau de investimento'. Abaixo desse nível, os títulos da
empresa entram na faixa do 'junk', 'lixo'. Com méritos", diz o texto. Em
outro editorial recente, a família Marinho, a mais rica do País, defendeu a
abertura do pré-sal a empresas estrangeiras (leia aqui).
Abaixo, o editorial deste sábado:
E o lulopetismo desestabilizou a Petrobras
A maior crise na história da empresa é causada por um partido de
esquerda e não pelos “neoliberais” tucanos, nem os ‘entreguistas’ de todos os
matizes
Num enredo de realismo fantástico aplicado à
política, o lulopetismo, corrente hegemônica do PT, partido de esquerda, é que
se tornou o maior algoz da Petrobras, nas seis décadas de história da estatal,
ícone da própria esquerda. Não foram o “neoliberalismo” da social-democracia
tucana nem os “entreguistas” de todos os matizes o carrasco da companhia, como
petistas sempre denunciaram. Bastaram 12 anos de administração comandada pelo
PT para a maior empresa brasileira, situada também com destaque em rankings
internacionais, chegar ao ponto de não ter acesso ao mercado global de crédito,
devido ao alto risco que representa.
A maior crise da história da Petrobras tem
começo, meio e ainda não se sabe o fim. É certo que ela será uma empresa menor,
depois da baixa patrimonial que terá de fazer para refletir os efeitos
dramáticos produzidos em seus ativos pelo lulopetismo: desde a rapina
patrocinada por esquemas político-partidários — do PT, PP, PMDB, por enquanto —
a decisões de investimento voluntaristas, sem cuidados técnicos, e também
inspiradas por preferências políticas e ideológicas.
No mais recente fiasco da diretoria e Conselho
de Administração — a divulgação do balancete do terceiro trimestre do ano
passado sem auditoria e registro contábil da roubalheira do petrolão —, foi
revelado que, da análise de 31 ativos da companhia, resultou a estimativa de
que eles estariam superavaliados em astronômicos R$ 88,6 bilhões.
Não apenas pelos desvios do petrolão, mas por mau planejamento e
mudanças de parâmeros como dólar e preço do petróleo. Sobre a corrupção em si,
o Ministério Público do Paraná informa que a Operação Lava-Jato, a que está
desbaratando a quadrilha da estatal, permitiu a denúncia contra responsáveis
por desvios de R$ 2,1 bilhões, dos quais R$ 450 milhões foram recuperados e R$
200 milhões, bloqueados na forma de bens de réus. Para comparar: no mensalão
foram R$ 140 milhões.
O começo da hecatombe foi a entrega da estatal
ao lulopetismo sindical, de que José Sérgio Gabrielli é símbolo. Ex-presidente
da estatal, ele foi denunciado devido a evidências de superfaturamento em obras
do centro de pesquisa da estatal.
Diretores passaram a ser
apadrinhados por políticos/partidos, e assim abriram-se as portas do inferno. O
próprio Lula fez uso político da estatal, ao impor a construção de refinarias
inviáveis no Maranhão e no Ceará, para contentar os Sarney e os Gomes (Cid e
Ciro). Elas acabam de sair dos planos da estatal, mas, só em projetos,
desperdiçaram R$ 2,7 bilhões. A Abreu e Lima, por sua vez, um ícone do
superfaturamento, surgiu de conversas entre Lula e o caudilho Hugo Chávez — sem
que a Venezuela investisse na refinaria.
Na quinta, a agência Moddy’s rebaixou todas as
notas de risco da estatal, colocando-a no limiar da perda do “grau de
investimento”. Abaixo desse nível, os títulos da empresa entram na faixa do
“junk”, “lixo”. Com méritos.
Fonte:
Brasil
247.