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Os controladores do transporte em São Paulo colecionam histórias malcontadas,
formação de cartéis e extensas fichas criminais.
O maior empresário de ônibus da cidade é José Ruas Vaz,
também conhecido como “barão do asfalto” ou “papa das catracas”. É o fundador e
dono do Grupo Ruas, que controla nada menos que 53% da frota e recebe 56% dos
repasses públicos. Controla também o transporte em Guarulhos e outras cidades
da região metropolitana.
É um homem de vários negócios, curiosamente
inter-relacionados. É sócio do consórcio que administra a publicidade nos
pontos de ônibus e dono da Caio Induscar, que fornece carrocerias de ônibus para
suas próprias empresas e para os concorrentes. Se é que se pode falar em
concorrência num ramo tão monopolizado.
O Grupo Ruas também é conhecido pela prática de falir
empresas endividadas e recriá-las com novo nome para dificultar a cobrança de
suas dívidas. Em 2013 somava nada menos que 242 processos de execução fiscal.
Só com contribuição previdenciária ao INSS sua dívida chegou a ultrapassar
R$750 milhões.
É essa turma que tem supremacia no transporte público da
maior cidade do país.
Outra figura forte no ramo é Belarmino Marta, dono do Grupo
Belarmino, com mais de 20 empresas que controlam o transporte em várias cidades
paulistas além de abocanhar parte da capital.
Junto com Ruas, Belarmino é sócio-proprietário de várias
concessionárias da Mercedes Benz, que fornece 65% dos ônibus da cidade. O
diretor comercial da Mercedes, convocado para depor na CPI do transporte,
soltou a seguinte pérola: “Eles realizam a venda de chassis de ônibus e
micro-ônibus para eles mesmos”. Espertinhos, não?
Mas um dia a casa cai. O filho de Belarmino foi preso em 2011
por formação de cartel no setor do transporte urbano de Campinas após uma
investigação do Gaeco.
O triunvirato é completado pelo grupo da família Saraiva, que
controla também o transporte em várias cidades e tem a presidência do Conselho
Metropolitano de Transportes de São Paulo, que reúne 45 empresas do ramo.
Fica evidente o nível de cartelização e malandragem no setor.
Transparência zero. Fazem da concessão pública um mecanismo de extorsão da
sociedade.
A tarifa pode e deve baixar. De onde cortar? Do lucro dos
empresários. E isso deve vir junto com uma mudança profunda na gestão do
transporte urbano. A criação de uma empresa pública de transportes que faça a
gestão direta do sistema é uma decisão urgente e necessária.
Rentabilidade não combina com qualidade. Um sistema de
transporte voltado para o lucro onera os usuários com ônibus lotados e tarifas
elevadas. Um exemplo disso é a bizarrice de pagar as viações por número de
passageiros transportados e não por quilômetros rodados. Ou seja, trata-se de
carregar mais gente com menos custo. O resultado é a superlotação.
Fonte:
Diário
do Centro do Mundo.