Um órgão de defesa dos direitos humanos da ONU (Organização das Nações
Unidas) condenou, nesta segunda-feira (15), uma declaração do deputado federal
Jair Bolsonaro (PP-RJ), que durante discurso na Câmara, na última terça (9),
disse à colega Maria do Rosário (PT-RS) que "não a "estupraria" porque ela
"não merece".
"As declarações são uma ofensa não apenas para a deputada, mas
também para a dignidade das mulheres e de todas as vítimas de abusos graves
como violência sexual e estupro", disse o representante para a América do
Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Amerigo
Incalcaterra.
Segundo ele, esse tipo de afirmação é
"inaceitável" em uma democracia como a brasileira, principalmente
quando se trata de autoridades públicas eleitas por voto popular.
Em nota, Incalcaterra manifestou apoio à representação
protocolada contra Bolsonaro, após o episódio, pela Secretaria de
Direitos Humanos e o Conselho Nacional de Direitos Humanos na Procuradoria
Geral da República.
"Fazemos um chamado ao Congresso Nacional, às autoridades políticas,
judiciárias e a toda a sociedade brasileira a condenar amplamente este tipo de
discurso de ódio e a defender a dignidade humana em todo momento",
afirmou.
Conhecido principalmente pela postura polêmica, o
deputado do PP atacou Rosário, que é ex-ministra da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência, ao rebater um discurso feito pela petista em defesa da
Comissão da Verdade e das investigações de crimes cometidos por agentes do
Estado durante a ditadura militar.
"Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Há
poucos dias [na verdade a discussão ocorreu há alguns anos] você me chamou de
estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não
merece. Fique aqui para ouvir", disse.
Foi a segunda vez em que Bolsonaro, na condição de deputado, fez afirmação do
tipo a Rosário.
Em novembro de 2003, os dois discutiram diante das
câmeras da RedeTV! no Congresso Nacional.
Fonte: Portal Metropole.