Embora a oposição derrotada nas
urnas já esteja se mobilizando para levar às últimas consequências as
investigações da Operação Lava-Jato, que registrou, nesta sexta-feira, um de
seus principais capítulos, com as prisões de executivos de grandes
empreiteiras, o "big bang" promovido pelo juiz Sergio Moro, pelo
Ministério Público e pela Polícia Federal fortalece a agenda de reformas
defendida pela presidente Dilma Rousseff.
Mais uma vez, o Brasil se vê
diante de um escândalo ligado ao financiamento privado de campanhas eleitorais.
Um tema que a presidente Dilma pretende enfrentar já no início do seu segundo
mandato. "A minha disposição mais profunda é liderar
da forma mais pacífica e democrática esse momento transformador. Estou disposta
a abrir um grande espaço de diálogo com todos os setores da sociedade para
encontrarmos as soluções mais rápidas para os nossos problemas", disse
ela, em seu discurso de vitória. "Entre as reformas, a primeira e mais
importante deve ser a reforma política."
A prioridade do segundo governo
Dilma é lutar pelo fim das doações privadas, que vêm de grandes empresas, como
as empreiteiras. Esse tema, já discutido no Supremo Tribunal Federal, teve seis
votos favoráveis ao fim das contribuições empresariais, mas só não foi
sacramentado em razão de um pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes –
favorável às doações, ele diz não ter prazo para devolver o caso ao plenário.
No discurso de vitória, Dilma
explicitou sua posição. "Meu compromisso, como ficou
claro durante toda a campanha, é deflagrar essa reforma, que é responsabilidade
constitucional do Congresso, e que deve mobilizar a sociedade por um
plebiscito, por meio de uma consulta popular. Como instrumento desta consulta,
nós vamos encontrar a força e a legitimidade exigida neste momento de
transformação para levarmos à frente a reforma política", disse.
"Quero discutir esse tema profundamente com o novo Congresso Nacional e
com toda a população brasileira, e tenho convicção de que haverá interesse dos
setores do Congresso, dos setores da sociedade, de todas as forças ativas na
nossa sociedade para abrir uma discussão e encaminhar as medidas concretas.
Quero discutir igualmente com todos os movimentos sociais e as forças da
sociedade civil."
A agenda da oposição, no
entanto, será outra. Como o escândalo da vez atinge partidos da base aliada,
como PT, PMDB e PP, muito embora as empreiterias doem para todas as legendas, a
estratégia foi anunciada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que pretende
recolher assinaturas para uma nova CPI no início de 2015. Além disso, como
Gilmar Mendes será o relator das contas da campanha da presidente Dilma em
2014, o PT já dá como certo que ele votará por sua reprovação.
Isso significa que haverá, nos
próximos meses, o embate entre duas forças. De um lado, os que defendem a
reforma política e o fim das doações de empresas. De outro, os que usarão o
escândalo atual para criar instabilidade política e, eventualmente, inviabilizar
o segundo governo Dilma.
Fonte: Brasil 247.













