A cena foi rápida, mas vale o
registro. Maria Marta (Lília Cabral) contava para José Pedro (Caio Blat) que
Maria Clara (Andreia Horta) está se envolvendo com Vicente (Rafael Cardoso).
Neste momento, João Lucas ( Daniel Rocha) entra no escritório, brinca com o
romance da irmã e ouve o irmão mais velho dizer: “Ela se deu bem se envolvendo
com um nordestino, um retirante, um borra botas?”. Lucas logo lembra
José Pedro que o pai deles é nordestino e ele se cala.
Logo na sequência, a impiedosa
Maria Marta dispara: “Isso é democracia , gente! O pior dos regimes! Eu não sei
como é pode dar oportunidades iguais para todo o mundo? Esquecer que alguns tem
mais direitos que outros por terem tido berço? Democracia, como diz o outro, é
dar poder aos piolhos de comerem o leão. É triste, é o fim!!”. Os filhos ficam
atônitos com o comentário da mãe, que sai raivosa da sala. “Ela está zoação!
Não é possível!”, diz João Lucas. José Pedro tira a dúvida do irmão: “Claro que
não. Você não conhece a sua mãe?”.
Agora, caro leitor, Maria Marta
poderia ou não poderia estar na manifestação que ocorreu em São Paulo que pedia
o impecheament da presidente Dilma Rousseff e ainda defendia uma
intervenção militar? E os comentários dos filhos do comendador sobre os
nordestinos estão ou não inseridos no contexto social atual (já que alguns
começaram a pregar divisão do país após as eleições)? Ah, só para constar:
Aguinaldo Silva, autor de “Império”, é pernambucano e conheceu bem os anos da
ditadura militar. Pode ter sido uma mera coincidência, aliás, uma feliz e
bem-vinda coincidência, mas não passou em branco (ao menos, não para o blog).
Fonte: Sobral em Revista.













