Enquanto muitos brasileiros da região Sudeste foram às
ruas nesse sábado, 1º, pedir a volta da Ditadura Militar, a saída da presidente
Dilma, protestar contra a falta d'água, e de quebra destilar xenofobia e ódio
contra nordestinos, o Nordeste respondia enviando energia elétrica para suprir
a demanda de consumo da região Sudeste; desde o dia 3 de agosto, a cada domingo
vem sendo programada a produção nordestina de energia acima do consumo, para
envio ao Sudeste; motivo é a pior crise hídrica que a região mais rica do país
vem sofrendo, com reflexos já na economia; com 80,3 milhões de pessoas, a
região Sudeste é a maior produtora e consumidora de energia do Brasil;
concentra mais de 60% da geração de eletricidade e sempre gerou excedente para
o Nordeste, onde a produção é abaixo do consumo; inversão de papéis
Ironia
do destino. Rechaçada com preconceito, xenofobia e ódio por muitos brasileiros
que moram na região Sudeste, a região Nordeste do Brasil é quem está garantindo
o equilíbrio no consumo de energia elétrica de paulistas, mineiros, cariocas e
capixabas. Desde o último dia 3 de agosto, em cada domingo, com exceção do dia
5 de outubro, vem sendo programada a produção nordestina de energia acima do
consumo, para envio ao Sudeste.
Com uma população de 80,3 milhões de pessoas, a região
Sudeste é ao mesmo tempo a maior produtora e consumidora de energia do Brasil.
Concentra mais de 60% da geração de eletricidade e sempre gerou excedente para
o Nordeste, onde a produção é abaixo do consumo. Mas a escassez derrubou o
nível dos reservatórios do Sudeste a 18%, uma situação crítica e que desde
julho derrubou em mais de 10% a geração hidrelétrica. No mesmo período, a
produção térmica na região subiu mais de 30%, batendo 42% só no mês passado.
No Nordeste, o recuo médio das hidrelétricas também ficou
acima de 10% no ano. A questão é que, para segurar a queda na região e ainda
enviar para o Sudeste, as térmicas dispararam tanto que em agosto a alta foi de
142%, um aumento que no mês passado ficou em 62%.
Apesar da ironia, esse novo padrão na troca de energia, com a
ajuda nordestina sempre programada para os domingos, não é benéfica para o
sistema elétrico nacional. Ele veio por causa do Estado crítico dos
reservatórios em Estados como São Paulo, pela falta de água, e tanto o Sudeste
quanto o Nordeste compensam a escassez de chuvas com usinas térmicas, uma
eletricidade cara e poluente. O custo é mais alto para o Brasil inteiro, não
importa onde você mora.
As térmicas geram eletricidade com a queima de gás ou óleo e
podem ser ligadas a qualquer momento. Elas se multiplicaram após o racionamento
de 2001, causado justamente pela falta de chuvas, para dar segurança ao País.
Desde setembro de 2012, contudo, a seca que afeta o Nordeste e o Sudeste
motivou o uso regular das usinas.
“A situação hídrica difícil não é do Sudeste ou Nordeste. É
do Brasil inteiro”, afirma José Antônio Feijó, do Instituto Ilumina. Ele diz
não lembrar de o Nordeste já ter exportado energia. “É um fato bastante
inusitado”, comentou ao Jornal do Commercio.
Fonte: Brasil 247.













