Dinheiro
de imposto faz escolas, hospitais, estradas, portos. Paga professores, médicos,
pesquisadores. Leva luz a lugares remotos, saneamento básico a regiões pobres,
comida a famintos.
Por
coisas assim, nenhum país funciona quando vigora a cultura da sonegação.
Foi o que afirmou o governo alemão, pouco tempo atrás, ao
defender uma punição exemplar a um cidadão que era tido como modelo, Uli
Hoeness.
Hoeness era presidente do Bayern quando se descobriu que ele
tinha uma conta – não declarada — na Suíça. Estava praticando sonegação
portanto.
Hoje, depois de um julgamento rápido, Hoeness cumpre pena de
cinco anos de prisão. Poderia recorrer, mas decidiu não fazer por entender que
tinha mesmo que enfrentar uma punição rigorosa.
Em países socialmente avançados – como a Alemanha e a região
da Escandinávia – impostos são sagrados.
São eles que sustentam sociedades harmônicas e justas. Por
incidir mais pesadamente nos mais ricos, são fatores vitais de distribuição de
renda.
Sonegar
não é socialmente aceito. Você vira um pária caso seja descoberto sonegando.
No Brasil, com a contribuição milionária da mídia, vivemos o
oposto. Os impostos são demonizados, com o que como que se legitima a
sonegação.
A cultura da sonegação tem que ser destruída, ou os avanços
sociais terão ritmo forçosamente lento no Brasil.
Por tudo isso,
escolhemos, para nosso próximo projeto de crowdfunding, um caso notável de sonegação: o
da Globo.
Há uma copiosa documentação sobre isso. A Globo deixou de
recolher os impostos referentes à aquisição dos direitos de transmissão da Copa
de 2002 por meio de um truque flagrado pelos fiscais da Receita.
Na operação, a Globo declarou que estava fazendo
investimentos no exterior – e não que estava comprando os direitos da Copa.
A despeito da exposição, na internet, de tantos documentos,
nada aconteceu: as grandes empresas de mídia não cobriram o caso. A Receita não
se pronunciou. E a Globo não mostrou o Darf, o recibo da quitação das dívidas –
como pediam nos cartazes manifestantes nos protestos de junho de 2013.
O DCM entende que este caso tem que ser devidamente
investigado. Ele pode ter um efeito pedagógico para os brasileiros. É possível
que, se devidamente esclarecido, ele se transforme num marco numa nova cultura
de respeito aos impostos.
Para levarmos a cabo o trabalho, contamos com seu apoio. O
jornalismo incumbido da tarefa é um dos melhores repórteres investigativos do
Brasil, Joaquim Carvalho. Você o conhece, aqui no DCM, pela admirável obra que
ele realizou no caso do helicóptero dos Perrellas.
No Catarse, site dedicado a financiar projetos, você pode
se informar sobre como colaborar conosco.
Desde já,
nossos agradecimentos.
Fonte: Diário do Centro do Mundo.