O
que a pesquisa O POVO/Datafolha mostra hoje é um cenário completamente
diferente da sucessão estadual no Ceará. Não que seja propriamente
surpreendente. Camilo Santana (PT), candidato de um governo com bons índices de
popularidade, largou muito atrás. Já Eunício Oliveira (PMDB) começou com enorme
vantagem. O movimento mais previsível era mesmo a queda de Eunício e a subida
de Camilo. Isso a coluna já dizia em 4 de julho, antes de a campanha começar. A
incógnita era o tamanho em que isso ocorreria. E o impacto foi significativo.
Não para sinalizar uma tendência inevitável da eleição. Mas, certamente, para
apontar que a enorme diferença que havia se reduziu bastante. E que não há mais
favoritismo claro. O segundo turno já é uma possibilidade.
A
vantagem de Eunício era de 28 pontos percentuais na semana que antecedeu o
início do horário eleitoral. Duas semanas de propaganda eletrônica depois, a
diferença é de 10 pontos. São 18 pontos de diferença a menos.
E
há outros indicadores positivos para Camilo. Sua rejeição caiu 10 pontos
percentuais. Na pesquisa espontânea, já está tecnicamente empatado com Eunício:
19% do peemedebista contra 18% do petista. E é essa pesquisa que mostra o voto
mais consolidado, o eleitor que já diz em quem pretende votar antes de ver a
lista com nome dos candidatos.
Os
números favoráveis indicam que Camilo seguirá em alta e vai ultrapassar
Eunício? Impossível dizer agora. O que eles sinalizam é que o petista está
competitivo na disputa. A incógnita é como a campanha irá se desenrolar de
agora em diante.
Para
Eunício, a boa notícia é que metade do crescimento do adversário não foi sobre
seus votos. Camilo subiu muito, mas o peemedebista não caiu tanto. Caso
mantenha a estabilidade, será mais difícil derrotá-lo.
Como
dito acima, o crescimento de Camilo era natural e previsível. Mas esse primeiro
impulso era, também, o mais fácil. O ponto é: qual a margem para continuar a
avançar? Seguirá no mesmo ritmo? Ele reduziu 18 pontos após duas semanas. Se
continuar assim, tende fatalmente a ser eleito. Mas essa intensidade de
crescimento dificilmente será mantida. Terá Camilo atingido seu teto ou seguirá
avançando? São questões que as próximas pesquisas responderão.
A
situação de Eunício ainda é boa. Vantagem de 10 pontos percentuais sobre o
candidato do governador não pode ser considerado resultado ruim. Todavia, o
drama para ele está no impacto simbólico que podem ter as tendências somadas de
queda dele com o crescimento de Camilo. Pode-se inverter a trajetória que vinha
ocorrendo de prefeitos, deputados e aliados migrarem em direção ao
peemedebista. No mínimo, deve ser relativamente estancada a sangria.
Fonte: Sobral em Revista.













